MOSTRAÇÃO E DEMONSTRAÇÃO DE ÉROS COMO PHILÓSOPHOS NO BANQUETE DE PLATÃO
Platão, Banquete, éros, epídeixis, apódeixis, philósophos.
A leitura do Banquete instigou-nos a pensar a imagem de éros identificado a um modo próprio e genuíno de Platão conceber a representação do filósofo. No movimento entre as imagens de éros na tradição e a retomada desse discurso do passado na série de elogios ao amor deste dialógo, pretendemos fixar um aspecto inconteste para Platão, o pensar o amor como a potência que se sobrepõe e até mesmo se confunde com a noção de desejo, a julgar pelo Fedro, onde o amor é definido como desejo. No Banquete, esse desejo é direcionado para apreensão do belo, como observamos na ascese erótico-dialética de Diotima, contudo, isto não significa o rompimento com o desejo inato, como defendem alguns de seus intérpretes. No redirecionamento do desejo da dimensão apetitiva para a dimensão puramente intelectiva da alma, Platão concilia a ambiguidade do filósofo como um ser intermediário entre duas ordens distintas e afins de desejo, o do corpo e o da alma, na representação de éros como um daímon. Nessa circularidade entre as esferas aparentemente inconciliáveis entre si, as imagens de éros transparecem na escrita poético-filosófica de Platão, sob a forma de um discurso de natureza acentuadamente erótica.