O OUTRO COMEÇO: EREIGNIS COMO TRANSIÇÃO NO PENSAMENTO DE HEIDEGGER
Ereignis, Outro Começo, transição, propriedade, Ser (Seyn).
O objetivo principal deste trabalho é o de apresentar algumas das mais importantes ideias presentes em Contribuições à Filosofia (do Ereignis) de Martin Heidegger. Esta obra de publicação póstuma foi escrita entre 1936 e 1938, marca um importante movimento de Heidegger e da filosofia do século XX, uma virada em seu pensamento que trouxe novas e importantes noções incorporadas a partir de então. Para compreender melhor o conteúdo de Contribuições, faz-se necessário um retorno desde Ser e Tempo (1927), obra mais disseminada de Heidegger, para entender quais as mudanças importantes que o levaram a perguntar pelo ser outra vez através de um pensamento profundamente transformado pelo acolhimento de novas e determinantes influências. Uma das principais diferenças está na palavra-guia de seu pensamento, o “conceito” central que prescreve toda a obra, no caso de Ser e Tempo, o Dasein e em Contribuições, o Ereignis. Essa diferença é fundamental para o movimento de virada que permeia a filosofia de Heidegger nos anos 30, pois o Ereignis é apresentado no livro como um acontecimento anterior e mais originário que o próprio Dasein. Sendo assim, Heidegger passa a incorporar o Ereignis em sua obra posterior a virada, inaugurando com o termo um Outro Começo para seu pensamento e também para a filosofia no século XX. A ideia de Outro Começo presente em Contribuições é o cerne deste trabalho. A partir de uma suficiente investigação sobre o Ereignis, o Outro Começo pode se tornar mais claro. Desta forma, o ser ganha também outro olhar e outra grafia (Seyn) para expressar uma nova tentativa de aproximação a partir do Ereignis. Por fim, o Outro Começo culmina na apresentação do Último Deus de Heidegger, expressão cunhada nas Contribuições para expressar uma relação mais íntima entre o homem e o sagrado fora de qualquer religião, mas que traga a ideia de Deus para a discussão filosófica. O Último Deus surge em um período de indigência contemporânea do pensamento, uma época onde a principal diretriz do conhecimento se dá pela ciência e sua essência de Maquinação. Influenciado pela mística neoplatônica, mais especificamente Mestre Eckhart, o Último Deus de Heidegger entrega a profunda expressão do silêncio e da meditação como via de acesso ao ser (Seyn) das coisas.