Avaliação do Estado Nutricional de Vitamina A e seus Precursores na Obesidade
Cucurbitaceae. Beta-caroteno. Nanotecnologia. Retinol. Tecido adiposo. Fígado.
A crescente prevalência de obesidade e doenças crônicas não transmissíveis a ela associadas têm aumentado, e, com isso, tem-se ampliado a busca por novas estratégias para combatê-las. Nesse sentido, a vitamina A desempenha importante função na regulação do peso corporal por meio da ação dos metabólitos desse nutriente, sobre diferentes aspectos em indivíduos com essa doença. Com base nisso, esta tese divide-se em dois capítulos. No primeiro, para entender essa relação e os efeitos fisiológicos da vitamina A na obesidade foi realizada uma revisão narrativa. Realizou-se uma busca nas bases de dados, selecionando os estudos que envolviam vitamina A ou seus metabólitos ativos, encapsulados ou não, bem como a atuação e associação com a obesidade. Foram encontrados estudos demostrando que existe relação inversa entre a adiposidade e a concentração da vitamina A. Além disso, foi evidenciado que encapsular a vitamina A ou seus precursores melhora a estabilidade, biodisponibilidade e funcionalidade, podendo favorecer melhores efeitos na terapêutica dessa doença. No segundo capítulo, foi realizado um estudo visando avaliar o efeito do extrato bruto rico em carotenoides do melão Cantaloupe (Cucumis melo L. var cantalupensis), nanoencapsulado em gelatina suína (EGS) sobre a concentração de vitamina A no fígado de ratos Wistar com obesidade. Para isso, o extrato bruto rico em carotenoides (EB) foi obtido por meio do processamento, secagem e extração dos compostos bioativos da polpa do melão, sendo utilizado para sintetizar a nanoformulação, por meio da técnica de emulsificação O/A. As nanopartículas foram caracterizadas quanto aos aspectos físicos e químicos, além da avaliação da eficiência de incorporação dos carotenoides. No estudo pré-clínico, ratos Wistar com obesidade induzida por dieta de alto índice glicêmico e alta carga glicêmica (dieta HGLI) foram divididos em três grupos (n = 5): 1, sem tratamento (dieta HGLI + água); 2. manipulados com dieta HGLI + EB (12,5 mg/kg); e 3, tratados com dieta HGLI + EGS (50 mg/kg), administrados por gavagem (1 mL), por 10 dias. Esses animais foram avaliados quanto à variação do consumo dietético, de retinol e peso, parâmetros hematológicos, glicemia de jejum e perfil lipídico. Além disso, foi feita a investigação da concentração de retinol hepático e da função hepática por meio da determinação da razão TGO/TGP e dos escores FIB-4 (Fibrosis-4 Index for Liver Fibrosis) e APRI (AST to Platelet Ratio Index). Os resultados obtidos para a caracterização das partículas confirmaram a presença de partículas esféricas com superfície lisa, diâmetro médio de 80 (8,59) nm, índice de polidispersão de 0,47 (0,09) e presença de novas interações químicas, indicando que o EB foi encapsulado em gelatina suína. Ademais, a eficiência de incorporação de EB foi igual a 95,20% (0,74). Para os animais cuidados com EGS, foi visto menor consumo dietético e de retinol (p < 0,05). Além disso, o mesmo grupo de animais apresentou concentrações significativamente maiores (p < 0,05) de retinol hepático [266 (45) µg/g], quando comparados com o grupo sem tratamento [186 (23,8) µg/g] e o tratado com EB [175 (8,08) µg/g]. Os escores de avaliação de dano hepático não evidenciaram diferenças significativas (p > 0,05), mas as menores médias foram encontradas no grupo de animais tratado com EGS. Esses achados sugerem que, a nanoencapsulação promoveu proteção, garantiu a absorção dos carotenoides no intestino e bioconversão a retinol no fígado, sem causar alterações hepáticas. Com isso, EGS apresenta-se como candidato para estudos clínicos futuros, visando avaliar os efeitos benéficos na terapêutica de doenças que envolvam carências de vitamina A, como a obesidade.