AVALIAÇÃO DA SUPLEMENTAÇÃO MATERNA COM VITAMINA E SOBRE A CONCENTRAÇÃO DE RETINOL NO SORO E LEITE MATERNO
Vitamina A. Alfa-tocoferol. Suplementação dietética. Puerpério. Leite humano. Deficiência de vitamina A.
Um dos principais problemas de saúde pública no mundo é a deficiência de vitamina A, podendo ocorrer por ingestão dietética insuficiente ou má utilização fisiológica. A deficiência de vitamina E, embora provoque sintomas silenciosos, também se caracteriza por um grave problema de saúde e pode levar a complicações para o desenvolvimento de recém-nascidos e crianças. A suplementação de mulheres no pós-parto pode ser uma estratégia de combate a deficiência de vitamina A e E. Estudos em animais têm demonstrado que a vitamina E apresenta um sinergismo positivo em relação a biodisponibilidade da vitamina A. Sendo assim, este estudo tem como objetivo principal evidenciar o efeito da suplementação materna com alfa-tocoferol sobre a concentração de retinol no soro e leite humano até 60 dias pós-parto. Este estudo foi prospectivo, controlado, randomizado, tendo iniciado com 80 mulheres atendidas para o parto em duas maternidades públicas no Rio Grande do Norte. No pós-parto imediato, estas mulheres foram alocadas nos grupos: controle (n = 18) sem nenhuma intervenção; suplementado 1 (n = 16) recebendo a dose de 400 UI de RRR-alfa-tocoferol; e suplementado 2 (n = 19) recebendo a dose de 800 UI de RRR-alfa-tocoferol, sendo acompanhadas até 60 dias pós-natal. Foram coletados sangue materno em quatro momentos: 1o (0 hora), 20o e 30o e 60o dias, assim como foram realizadas as coletas de leite materno, nos seguintes momentos: 1o (0 hora), 2o (24 horas), 7o, 20o, 30o e 60o dias. No 7o, 20o, 30o e 60o dias também foram coletadas informações dietéticas. O retinol e o alfa-tocoferol foram analisados por Cromatografia Líquida de Alta Eficiência. A ingestão de vitamina A das puérperas e o fornecimento da vitamina ao lactente pelo leite materno foram avaliados segundo recomendações de consumo para a faixa etária. A concentração de retinol sérico materno no momento 0 hora para o grupo controle foi de 43,8 14 μg/dL, para o grupo suplementado 1 foi de 42,5 12,6 μg/dL e para o grupo suplementado 2 foi de 34,9 7,5 μg/dL, não diferindo entre os grupos (p > 0,05), sendo indicativo de adequado estado nutricional. Após a suplementação, o percentual de retinol aumentou no grupo suplementado 2 até o 30o dia após o parto. Em relação à vitamina E, no momento 0 hora a concentração do alfa-tocoferol sérico para o grupo controle foi de 1212,6 341,3 μg/dL, para o grupo suplementado 1 foi de 1201,5 420 μg/dL e para o grupo suplementado 2 foi de 1020,7 260,3 μg/dL, sem diferença significativa entre os grupos (p > 0,05), tendo como diagnostico um estado nutricional satisfatório. Após a suplementação, o percentual de alfa-tocoferol aumentou no grupo suplementado 2 até 20o dia após o parto. Ficou evidente a relação das vitaminas A e E no soro materno sendo possível sugerir uma estratégia de intervenção para melhorar o status de ambas as vitaminas combatendo as deficiências, pois foi encontrado que a suplementação com a dose de 800 UI de RRR-alfa-tocoferol, administrada no pós-parto imediato, garantiu maiores níveis circulantes de alfa-tocoferol até 20 dias após o parto e de retinol até 30 dias após. Ao se observar o efeito da suplementação com alfa-tocoferol sobre a concentração de retinol no leite materno, os três grupos avaliados apresentaram uma concentração de retinol no leite 0 hora semelhante (p > 0,05). O impacto da suplementação no leite materno, no pós-parto imediato, pode ser observado tanto no grupo que recebeu a dose de 400 UI de RRR-alfa-tocoferol como o que recebeu a de 800 UI, pois ocasionou um aumento percentual na concentração do retinol 24 horas após a suplementação de ~ 74,1% e ~ 68,7%, respectivamente. Avaliando a oferta em relação ao requerimento diário de vitamina A, o grupo suplementado 1 contemplou o requerimento estabelecido para lactentes até 6 meses de idade (400 g/dia) somente na produção do leite até 24 horas pós-parto. Já o grupo suplementado 2 supriu o requerimento diário de vitamina A do lactente até o 20o dia após o parto. Diante deste cenário, é possível evidenciar a sinergia da vitamina E sobre a vitamina A, o que pode ser um fator favorável no combate da sua deficiência. Em relação a análise do alfa-tocoferol no leite materno, sua concentração no leite 0 hora foi similar em todos os grupos avaliados (p > 0,05). O aumento percentual de alfa-tocoferol proporcionado 24 horas após a suplementação se apresentou elevado em ambos os grupos suplementados, porém o grupo 2 apresentou um percentual maior, mantendo-se aumentado até o 7o dia da pesquisa. Desta forma, conclui-se que a suplementação com vitamina E administrada no pós-parto imediato ofereceu melhorias no estado nutricional materno em relação a vitamina A e também ao seu fornecimento pelo leite no decorrer deste estudo, sendo este aumento do retinol maior quanto maior a dose de vitamina E administrada. Esta situação ocorreu em um grupo onde o estado nutricional materno foi diagnosticado como adequado tanto para vitamina A como para vitamina E, e dessa forma, o alfa-tocoferol pode atuar como um auxiliador no processo bioquímico do transporte do retino tanto no soro quanto no leite materno. Tal situação deverá ser reavaliada em condições de carência nutricional.