Desenvolvimento de testes de fluxo lateral para a detecção de cultivares geneticamente modificados e de aflatoxinas em produtos agrícolas
Testes de fluxo lateral; Proteínas Cry; testes rápidos; detecção de cultivares GM; aflatoxinas; segurança alimentar
A expansão agrícola utilizando cultivares geneticamente modificados (GM) é fenômeno mundial. Esse fato tem impulsionado a implementação de legislações regulatórias para monitorar à presença de variedades GM em culturas agrícolas. Outra importante demanda mundial está relacionada ao consumo de alimentos contaminados por aflatoxinas. Essas moléculas constituem um classe de compostos extremamente tóxicos que causam efeitos danosos para a saúde humana e animal. Por isso, a segurança e qualidade dos produtos agrícolas são essenciais para os consumidores. Os testes de fluxo lateral são métodos alternativos promissores que podem ser utilizados tanto para a detecção de proteínas transgênicas expressas em culturas GM quanto para a detecção de compostos tóxicos em alimentos. Essa técnica apresenta vantagens adicionais quando comparado aos métodos convencionais, como: simplicidade, rapidez e baixo custo. Nesse estudo foram desenvolvidos dois testes de fluxo lateral, um para a identificação das proteínas Cry1Ac e Cry8 Ka5 expressas em cultivares de algodão GM e o outro, para a detecção de aflatoxinas em produtos agrícolas. O teste, para a detecção dos cultivares transgênicos, foi desenvolvido no formato sandwhich. Esse teste foi desenvolvido utilizando os anticorpos monoclonais 1B1 e 5H4, produzidos contra a proteína Cry1Ac, mas que apresentaram reação cruzada para a proteína Cry8Ka5. O monoclonal anti-Cry1B1 foi conjugado com nanopartículas de ouro coloidal (40 nm) e utilizados como reagente de detecção. O monoclonal 5H4 foi adsorvido na membrana de nitrocelulose, na região denominada de linha teste e utilizado como reagente de captura do teste. Na linha controle, foi adsorvido o anticorpo anti-mouse IgG. Esses testes foram validados utilizando amostras de folhas de plantas de algodão GM ( Bollgard I ® e Planta 50- produzida em nosso laboratório) e folhas provenientes de cultivares não GM ( Cooker 312). Os resultados demonstraram que esse teste foi capaz de distinguir eficientemente amostras GM de não GM. Além disso, também apresentou elevada sensibilidade, sendo capaz de detectar 0,06 μg das proteínas respectivas nos cultivares transgênicos. O teste para a detecção de aflatoxinas foi desenvolvido no formato competitivo. O anticorpo α-AFLA 3B6, produzido contra AFB1, apresentou reatividade cruzada contra as aflatoxinas AFB2, AFG1, AFG2 e AFM1 e por isso, foi utilizado para o desenvolvimento das fitas-testes. Nesse teste o anticorpo 3B6 foi conjugado com ouro coloidal (40 nm) e utilizado como reagente de detecção. O antígeno AFB1 foi adsorvido na linha teste e utilizado como reagente de captura e o anti-mouse IgG foi imobilizado na linha controle do teste. Para a validação, grãos de soja contaminados com o fungo Aspergillus flavus, foram utilizados. Esses testes também foram avaliados quanto à habilidade de detecção de aflatoxinas em amostras alimentares, incluindo leite e proteína texturizada de soja. Os resultados demonstraram que a fita eficientemente identificou amostras contendo aflatoxinas. Além disso, apresentou sensibilidade de 0,5 ng/mL ou 0,5 μg/Kg. Os resultados obtidos sugerem que as fitas testes desenvolvidas podem ser utilizadas como método rápido e de baixo custo para o screening de cultivares GM, expressando as proteínas Cry1Ac e Cry8Ka5, quanto para a detecção de aflatoxinas em amostras alimentares.