AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE MITOGÊNICA, INFLAMATÓRIA E INTERAÇÃO COM LEISHMANIA, DA LECTINA D-LACTOSE ESPECÍFICA DE Aplysina fulva (Pallas, 1766).
Lectinas, Aplysina fulva, Leishamanias, Imunidade inata, Citotoxicidade e mutagênese.
A partir dos extratos de Aplysina fulva coletada na Risca do Zumbi litoral norte do Rio Grande do Norte a 22 metros de profundidade foi purificada uma lectina denominada AFL. O extrato obtido foi fracionado por precipitação com acetona gerando duas frações. A fração F1,0 possuía maior atividade hemaglutinante e foi aplicada em uma cromatografia de afinidade em matriz de goma guar equilibrada com Tetraborato de Sódio 20mM pH7,5. A lectina isolada foi então aplicada em uma coluna de gel filtração Superdex 75, previamente equilibrada com Tris-HCl 20mM pH 7,5, em sistema FPLC-AKTA (fast Protein Liquid Chromatography), em seguida a fração com a lectina purificada foi atestada sua pureza em uma coluna de interação hidrofílica HILIC em sistema HPLC (High protein Liquid Chromatography). A sequência N-terminal da lectina foi determinada por degradação de Edman obtendo uma sequência de 15 aminoácidos Asp-Cys-Ile-Asp-Leu-Glu-Phe-Asp-Val-Gly-Gln-Cys-Ile-Glu-Ala. que não apresentaram similaridade com nenhuma outra lectina. A massa foi determinada em 62 kDa por gel filtração em coluna Superdex 75. Após tratamentos com agentes redutores pode-se observar que a AFL é uma proteína tetramérica composta por subunidades de 16 kDa. A lectina é um pouco sensível a pHs ácidos mas com estabilidade em pHs básicos a alcalinos. Em relação a temperatura, é estável até 60°C, em temperaturas acima sua atividade hemaglutinante reduz drasticamente até ser nula em temperaturas acima de 70 °C. AFL possui especificidade para lactose e parcialmente para D-Glicose e D-galactose. A lectina AFL foi capaz de aglutinar formas promastigostas vivas de Leishamania amazonensis e Leishamania braziliensis, e teve sua atividade revertida pela adição de lactose ao ensaio. Quando macrófagos murinos foram submetidos a diferentes concentrações AFL (0,1-1,0-10,0 µg/mL) induziu a produção de TNF-α uma citocina pro-inflamatória. A lectina não apresentou efeito citotóxico com células mononucleares humanas (monócitos e Linfócitos), assim como, para as linhagens de células cancerígenas (PANC, HeLa, HT-29, Bf16F10, A549) e de linhagens de fibroblastos MRC5. AFL mostrou ter atividade mitogênica a linfócitos humanos em concentrações acima de 40ug e como uma nova ferramenta biotecnológica.