Investigação de novos alvos para aplicação da lectina do tipo ConM purificada das sementes da leguminosa Canavalia maritima.
Canavalia maritima, lectinas, citotoxicidade, Leishmania, Candida, bactérias.
As sementes de leguminosas são reservatórios de moléculas bioativas com grande potencial para obtenção de bioprodutos. Por isso, uma especial atenção tem sido direcionada na busca de proteínas bioativas com ação antimetabólica e propriedades farmacológicas. Uma lectina de sementes de Canavalia maritima (CML) foi purificada em dois passos, pelo fracionamento com sulfato de amônio, seguido de cromatografia de afinidade em coluna Sephadex G-50. CML foi analisada por SDS-PAGE e uma parte de sua sequência de aminoácidos foi determinada por espectrometria de massas. Sua sequência de 20 resíduos de aminoácidos apresentou 98% e 100% de identidade com as lectinas ConA e ConM, respectivamente. Sendo considerado a partir destes dados que a proteína CML é a lectina ConM. A lectina não apresentou toxicidade contra células do sangue periférico humano quando incubada com até 1000 µg/mL, também não afetou significativamente células mononucleares, nas concentrações de 1, 2,5 e 5 µg/mL, porém apresentou toxicidade a partir da concentração 7 µg/mL. Os outros ensaios realizados com a linhagem RAEC não revelou toxicidade quando testada com o dobro da maior concentração tóxica para as linhagens tumorais A549, 786-0, HT29 e HeLa. A lectina reduziu significativamente a viabilidade destas culturas em pelo menos um dos três tempos testados, 24, 48 e 72h e em três das cinco concentrações avaliadas, 5, 7 e 10 µg/ml. ConM foi capaz de aglutinar as formas promastigotas de Leishmania sp na concentração de 6,25 µg/ml. Quanto a ação contra Candida spp, nenhuma das concentrações foi capaz de interferir no crescimento. ConM apresentou atividade estimulatória de crescimento contra E. coli e bacteriostática contra S. aureus. As atividade biológicas relacionadas a defesa de plantas contra pragas e patógenos apresentadas pelas lectinas de leguminosas podem estar relacionadas a reconhecimento celular e reconhecimento de patógenos. Estas propriedades tornam as lectinas alvos interessantes para o desenvolvimento de novas moléculas e métodos de diagnóstico e tratamento contra células tumorais e patógenos e diversas outra aplicações biotecnológicas. Por suas propriedades e baixa toxicidade, a ConM têm se apresentado como uma lectinas com potencial para desenvolvimento de antitumorais, antibióticos e outras aplicações.