Caracterização de biossurfactantes derivados de bibliotecas metagenômicas.
Metagenômica, biossurfactantes, proteína hipotética, degradação de hidrocarbonetos.
Estudos estimam que aproximadamente 0,1-1% dos microrganismos podem ser recuperados a partir de amostras de solo através de métodos de cultivo convencionais. A metagenômica permite o acesso ao genoma microbiano derivado de amostras ambientais. A técnica permite a identificação da informação funcional, tais como proteínas para fins biotecnológicos e novos recursos biológicos industrialmente exploráveis, como novas soluções para o derramamento de petróleo. A descoberta de novos genes relacionados à produção de biossurfactantes para recuperação de áreas contaminadas com petróleo, além de ser uma estratégia vantajosa é ecologicamente adequada. Em um trabalho anterior, o DNA ambiental (eDNA) foi extraído de amostras de solo coletadas em duas diferentes áreas (Caatinga e rio salino) do Rio Grande do Norte (Brasil), as bibliotecas metagenômicas foram construídas e analisadas funcionalmente. Os clones capazes de degradar o óleo foram avaliados quanto à capacidade de sintetizar biossurfactante usando o teste de emulsificação de querosene e colapso da gota. A presença do inserto e do fenótipo adquirido foram confirmadas. Neste trabalho, alguns clones que apresentaram resultado positivo para atividade de biossurfactantes tiveram primers desenhados e suas ORFs foram isoladas por PCR. Em seguida, foram subclonadas em vetor de expressão pETDuet-1, com cauda de histidina, para expressão e posterior purificação da proteína de interesse. O clone 3C6 foi subclonado em vetor de expressão, induzido com IPTG e testes para confirmação da atividade de biossurfactante e degradação de hidrocarbonetos foram realizados apresentando resultados positivos. O ensaio de imunodetecção (western blot) confirmou a presença da proteína com a utilização do anticorpo monoclonal Anti-His®. A sequência do clone foi analisada e apresentou similaridade com uma proteína hipotética de representantes da família Halobacteriaceae, que foram mostradas recentemente como produtoras de biossurfactantes. Esse estudo foi o primeiro a relatar uma possível proteína com atividade biossurfactante obtida a partir de uma abordagem metagenômica.