Notas sobre a política das relações quadrilheiras: um estudo a partir da experiência em um grupo junino competitivo em Sobral/CE.
Quadrilha; Competição; movimento junino; política quadrilheira; performance
Este trabalho é o resultado de uma experiência vivenciada no contexto das quadrilhas juninas competitivas do Ceará, partindo mais especificamente da realidade vivenciada na cidade de Sobral, no norte do estado. Sua proposta é refletir, a partir de vivências em um campo delimitado, sobre as características do chamado movimento junino ou quadrilheiro, composto principalmente pelas quadrilhas que participam dos chamados festivais, concursos onde disputam por premiações que são, ao mesmo tempo, materiais e simbólicas. Seguindo o movimento empreendido por um grupo junino específico dentro desse contexto, busca-se descortinar a estrutura social que se forma a partir dos processos vividos pelos chamados quadrilheiros, atores sociais que compõem diretamente o universo simbólico das competições juninas no estado – que possui práticas, interesses e uma política específica, formada a partir de um saber que se edifica nas relações e interações estabelecidas em tal contexto. Percebe-se, a partir disso, a construção de um processo social contínuo que dá conta de uma transformação na manifestação cultural em questão, que incorpora aos seus símbolos festivos considerados típicos novos elementos e motivações, dentre os quais a questão da rivalidade e da competitividade parece ser latente. O presente estudo ajuda a pensar sobre os movimentos vivenciados por determinados grupos da chamada cultura popular na contemporaneidade, indicando que suas transformações não se operam apenas no nível estético da arte que expressam publicamente, mas sobretudo nos processos sociais assumidos na construção da manifestação cultural, onde sensíveis alterações de perspectivas também se dão.