ESCREVER UM SERTÃO: A ESCRITA ETNOGRÁFICA DE OSWALDO LAMARTINE DE FARIA (SERIDÓ, 1945 – 2005)
História dos sertões. História da historiografia. Escrita da história. Oswaldo Lamartine de Faria.
A presente pesquisa debruça-se sobre a obra de Oswaldo Lamartine de Faria (1919 – 2007), escritor consagrado no universo letrado do Rio Grande do Norte, e que entre 1945 e 2005 dedicou-se ao estudo e à escrita sobre o mundo rural, especialmente o sertão do Seridó, construindo uma obra de gêneros textuais variados e com significativas marcas autobiográficas. A análise do discurso que opera em seus ensaios e na escrita de si, principalmente em suas entrevistas e correspondências publicadas, permitiu empreender o exame de determinada concepção sobre o sertão do Seridó por ele construída ao longo do século XX, privilegiando os modos como no texto se manifestam sua experiência com o tempo e o espaço que põe em prática. Assim, no primeiro capítulo, abordamos os pressupostos existenciais que estruturam o saber histórico efetivamente usado pelo sertanista em sua leitura do sertão (RICOEUR, 2007). No segundo capítulo nos dedicamos à análise dos procedimentos de pesquisa e escrita que conformam a etnografia posta em prática pelo autor (CERTEAU, 1998). Por fim, consideramos que o sertanista faz usos deliberados do passado para, de maneira escusa, investir na consolidação de uma memória acerca de uma dominação política sobre o sertão do Seridó.