Intelectuais no sertão: o Club Romeiros do Porvir, a produção e circulação de representações em torno da intelectualidade, da cidade do Crato-CE e dos sertões (1900-1910)
Cariri cearense. Cidade do Crato. Intelectuais. Sertões. Club Romeiros do Porvir.
Autonomeados de “Romeiros do Povir”, alguns “moços” fundaram no ano de 1900, na cidade do Crato, uma agremiação literária. Em torno do Club Romeiros do Porvir esses intelectuais se empenharam, para além das finalidades artísticas, em construir e circular representações de progresso, de intelectualidade e dos sertões (como o “outro”, visto do Cariri). Desse modo, nos preocupamos, nesta dissertação, em compreender como os membros desse grupo construíram e circularam tais representações. Para tanto, investigamos a trajetória intelectual de alguns membros da agremiação, bem como, condições e práticas culturais emergentes na virada do século XIX para o XX; buscamos compreender como a atuação intelectual e cultural, dos membros do grupo, contribuiu para a construção e circulação de representações em torno de si e dos espaços em que estavam inseridos; e, por fim, analisamos as formas como os “romeiros do porvir” construíram e circularam representações em torno dos sertões. Os diálogos teóricos ocorreram, principalmente, no campo da História Cultural a partir dos estudos de Roger Chartier (1990, 2002) e dos conceitos de prática cultural, representação e circulação, trabalhados pelo mesmo autor. Para compreendermos a atuação e a organização dos intelectuais, por nós estudados, os conceitos de intelectual, redes de sociabilidade e geração, trabalhados por Jean-François Sirinelli (1996); e, os de trajetória, campo, habitus e o círculo de elogios mútuos, presentes nos estudos de Pierre Bourdieu (2002), foram importantes ferramentas na elaboração deste trabalho. Foram utilizadas fontes como os jornais A Liça e Cidade do Crato, textos literários, livros de memórias e atas das reuniões administrativas da agremiação.