Entre estradas e veredas: messianismo nos sertões do Estado do Rio Grande do Norte (1898-1899)
Messianismo. Fanatismo. Religiosidade. Sertão
Este trabalho propõe problematizar os sertões enquanto espaços de construção dos movimentos messiânicos, tomando como objeto, o movimento messiânico da Serra de João do Vale, liderado pelo beato Joaquim Ramalho nos fins do século XIX nos sertões do Estado do Rio Grande do Norte. A problemática surgiu de uma escassa produção historiográfica sobre o movimento em âmbito regional e nacional, evidenciados inicialmente nos escritos de Luís da câmara Cascudo em um artigo publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) e no jornal do Commercio do Rio de Janeiro no ano de 1941. Para uma melhor análise nos debruçamos sobre obras como “O messianismo no Brasil e no mundo” da socióloga Maria Isaura Pereira de Queiroz; “Leituras do "fanatismo religioso" no sertão brasileiro” de Cristina Pompa. Adotamos a abordagem de História do Discurso para a análise das fontes, sendo elas: artigos em jornais e revista, arquivos privados e entrevistas. Apesar da pesquisa se encontrar em fase embrionária verificou nos discursos presentes em algumas das fontes que o movimento messiânico da Serra de João do Vale foi levado a marginalidade, sendo designado como movimento de “fanáticos”, discurso pejorativo construído a partir do “outro” que desqualifica não somente o movimento e seus adeptos, mas o Sertão enquanto espaço de construção dos mesmos.