"Avaliação da produção e aplicação de enzimas utilizando resíduo farelo de trigo como substrato por fermentação em estado sólido".
Farelo de trigo, Aspergilus oryzae, resíduo de refinaria de margarina, xilanase e lipase..
Com dificuldade de destinação final nos resíduos agroindustriais de unidades do grupo M. Dias Branco S.A., o presente trabalho teve como objetivo buscar alternativas para o aproveitamento de resíduos da produção de margarina e farelo de trigo como potenciais substratos para produção de produtos biotecnológicos. Caracterizou-se os resíduos e cepas potenciais produtoras de enzimas no próprio resíduo. Para tanto, utilizou-se consórcios fúngicos prospectados em resíduo farelo de trigo de unidade fabril da agroindústria do RN, bem como os fungos de cascas de árvores do parque das Dunas Natal-RN e foram adquiridas as cepas de fungos Aspergillus oryzae CCT nº 0975 (ATCC9362, Trichoderma reesei CCT nº 2768 - QM 9414 e a bactéria Bacillus cereus CCT nº 5457, adquiridos da coleção de culturas da Fundação André Tosello-SP. Na avaliação do potencial dos resíduos como substrato nos resíduos de margarina não observou-se crescimento microbiano nas condições testadas apesar do resíduo apresentar consideráveis percentuais de ácidos graxos, assim não prosseguiu-se os estudos com os resíduos de borra da refinaria e efluente da produção de margarinas. O farelo de trigo caracterizado apresentou cerca de (40%) de hemicelulose, logo realizou-se ensaios de fermentação em estado sólido, com o material não lavado e não autoclavado, e indentificou-se viabilidade para produção de xilanases nas primeiras 72 h de cultivo. A partir deste resultado foi realizado um Delineamento Composto Central Rotacional (DCCR) - planejamento fatorial 23, com três repetições no ponto central e seis pontos axiais, obteve-se a otimização dos fatores no processo: umidade, pH e granulometria. Os fatores foram considerados significativos pela ANOVA com o nível de confiança de (95%). O resultado otimizado de atividade enzimática de (11,78 ±0,01) UI/g ou (3,54) UI/mL utilizando pH 3,3, granulometria de 900,0 µm e umidade de (40%) foi verificado. O caldo enzimático obtido após eletroforese correspondeu a massa molar de 14,4 e 30 kDA, desnaturado a partir de 60°C, extraído estável com tampão acetato de sódio e com ponto isoelétrico em pH nas faixas de 6,0-6,5 e 9,0- 10,0. O caldo foi considerado eficiente na modificação de tipificação de farinhas de trigo pelo estudo dos parâmetros reológicos de massa fabricada com farinha aditivada com o caldo enzimático produzido pela análise do falling number e alveografia, sendo estável por 30 dias e mantendo 50% de sua atividade xilanolítica por 6 meses.