ARGAMASSAS LEVES COM ADIÇÃO ARGILA EXPANDIDA E FIBRAS VEGETAIS: DESAFIOS E CONSTRIBUIÇÕES AMBIENTAIS
Construções sustentáveis; Resíduos da cocoicultura; Conforto térmico.
A presente tese tem como objetivo principal desenvolver argamassas leves sustentáveis por meio da substituição parcial do agregado miúdo natural por argila expandida laminada e da incorporação de resíduo de fibras da casca de coco. A proposta visa avaliar os efeitos dessa combinação sobre as propriedades físicas, mecânicas e térmicas dos compósitos, promovendo soluções mais eficientes e ambientalmente responsáveis para a construção civil. A motivação do estudo está pautada na necessidade de aliar desempenho técnico à responsabilidade ambiental, especialmente em regiões de clima quente, como o estado de Sergipe, onde estratégias de conforto térmico são fundamentais para a eficiência energética das edificações. A pesquisa foi dividida em quatro etapas experimentais,
organizadas em capítulos. No primeiro, foram investigadas proporções de argila expandida laminada em substituição à areia natural na produção de argamassas leves. Os resultados indicaram que a substituição de 20% foi a mais favorável, promovendo a redução da densidade da argamassa sem comprometer a propriedade mecânica de resistência à tração na flexão nem a aderência ao substrato. Essa diminuição de peso pode beneficiar o dimensionamento das fundações, trazendo vantagens técnicas e econômicas significativas. No segundo capítulo, avaliou-se a incorporação de fibras in natura de casca de coco às argamassas com 20% de argila expandida e 80% de areia natural. Os compósitos com proporções de 1,5% e 2,0% de fibra de coco apresentaram aumento no módulo de elasticidade e na resistência à tração na flexão, sem prejuízo à resistência à compressão. Esses resultados indicam maior capacidade de redistribuição de tensões e controle de fissuração, além do benefício ambiental associado ao reaproveitamento de resíduos agroindustriais. No terceiro capítulo, investigou-se a influência de tratamentos térmico e químico aplicados às fibras de coco. O tratamento alcalino com solução de NaOH a 5% apresentou os melhores resultados, ao promover maior rugosidade superficial e melhorar a compatibilidade entre a fibra e a matriz cimentícia. Isso refletiu em melhorias significativas nas propriedades mecânicas dos compósitos. Por outro lado, o tratamento térmico com água quente a 80 °C resultou em desempenho inferior, atribuído à degradação parcial dos componentes lignocelulósicos das fibras. O quarto capítulo abordará sobre o desempenho térmico das argamassas estudadas (etapa em desenvolvimento). A pesquisa reforça a importância da inovação e do uso de resíduos locais na construção civil, contribuindo para a economia circular e para a construção de edificações mais sustentáveis e resilientes às mudanças climáticas. As argamassas propostas são especialmente recomendadas para aplicações não estruturais, como revestimentos e vedações.