Avaliação e Melhoria da Assistência à Sífilis na Gestação na Atenção Primária à Saúde.
Sífilis na gestação; Qualidade da Assistência à Saúde; Melhoria da Qualidade; Atenção Primária à Saúde.
Introdução: Melhorar a qualidade da assistência à sífilis, especialmente à sífilis na gestação, é uma necessidade urgente em países como o Brasil, onde se observa aumento da detecção de sífilis em gestantes e da incidência de sífilis congênita. Objetivos: Avaliar a qualidade da assistência prestada às gestantes com sífilis e testar o efeito de uma estratégia de melhoria. Método: O projeto foi realizado em 26 Unidades Básicas de Saúde do município do Rio de Janeiro, entre janeiro e dezembro de 2017. O desenho foi quase- experimental misto com análises antes e depois e de série temporal. A assistência foi avaliada em todas as gestantes notificadas com sífilis e pré-natal já encerrado (n=178) mediante 10 critérios de qualidade e um indicador contratualizado. A intervenção foi planejada com base em dados, de forma participativa e foi multifacetada, abrangendo educação permanente, melhoria do registro e dos sistemas de informação, auditoria e feedback, educação ao paciente e mudanças organizacionais e nos processos de trabalho. Foram calculadas as estimativas de conformidade dos critérios, melhorias absoluta e relativa e significância estatística mediante teste do valor z unilateral e regras de controle estatístico (α=5%). O contexto foi analisado segundo as categorias do modelo MUSIQ. Resultados: A qualidade da assistência na primeira avaliação variou de 42,8% a 91,4%. De forma positiva, as gestantes estavam recebendo o esquema adequado de tratamento conforme preconizado (critério 5 = 91,4%). Em contrapartida, as principais oportunidades de melhoria foram relacionados à testagem e tratamento das parcerias sexuais e ao registro adequado do tratamento no prontuário (critérios 6, 7 e 10 = 42,8%). A intervenção se mostrou efetiva, pois oito dos 10 critérios tiveram melhoria absoluta, sendo significativa (p<0,05) em quatro deles. O indicador mensal também melhorou de forma significativa e sustentável, embora ainda exista ampla margem para avanços. Fatores contextuais como a pressão para melhorar os resultados do indicador, uma vez ele compõe a matriz da avaliação de desempenho da Organização, e a crise político-econômica vivenciada pelo município em 2017, interagiram com a intervenção tanto como facilitadores quanto como dificultadores do processo de melhoria. Conclusões: O projeto foi útil para identificar prioridades e orientar intervenções para a melhoria da qualidade da assistência à sífilis. O ciclo de melhoria deve ser continuado para incrementar seus resultados e novas estratégias de mudança devem considerar os fatores contextuais deste estudo.