DETERMINANTES ENVOLVIDOS NA RESPOSTA IMUNE CELULAR HUMANA A INFECÇÃO POR Leishmania infantum chagasi.
1. Leishmaniose Visceral; 2. Imunidade protetora; 3. Resposta de Hipersensibilidade Tardia; 4. Infecção assiintomática.
A Leishmaniose Visceral (LV) é uma doença ocasionada por protozoários do complexo Leishmania donovani, cuja infecção possui espectro clínico variando desde infecção assintomática a doença ativa caracterizada por febre, caquexia, hepatoesplenomegalia e imunossupressão. A cura ou proteção exigem uma imunidade antígeno específica do tipo 1. O teste cutâneo de Montenegro (DTH) tem sido interpretado como um marcador de imunidade protetora. No entanto, não se sabe a correlação do DTH com a resposta tipo 1 e se o DTH e a imunidade do tipo 1 são mantidos a longo prazo. Assim, um estudo longitudinal de 8 anos, aninhado a uma coorte familiar realizada no Brasil, documentou o status do DTH e a produção de citocinas por células mononucleares do sangue periférico em resposta a estimulo antígeno-específico. Esse estudo teve a abordagem interdisciplinar de médicos, bioquímicos, nutricionista, veterinária, biólogos e estatístico. Os resultados obtidos mostram que 46,2% dos indivíduos analisados foram DTH positivos no início do estudo. A prevalência do DTH positivo e o tamanho da enduração aumentaram com a idade (p = 0,0021). 15,7% dos indivíduos DTH positivos “retroconverteram” a negativos e 50,4% (64) dos indivíduos DTH negativos tornaram-se positivos. O tamanho da enduração do DTH correlacionou-se significativamente com a produção antígeno induzida de IFN-γ (r=0,6186, p=0,0001). IL-6 foi secretado em níveis mais elevados por células mononucleares do sangue periférico dos indivíduos que “retroconverteram” de DTH positivo para negativo do que os indivíduos que mantiveram o status de DTH estável (p=0,005). Assim, o IFN-γ, produzido por células mononucleares do sangue periférico, pode ser um marcador substituto para a imunidade protetora em vez da resposta DTH. Além disso, as diferenças na resposta imune inata podem determinar se os indivíduos mantêm ou eliminam a infecção por Leishmania infantum chagasi em assintomáticos.