ASPECTOS MULTIDIMENSIONAIS RELACIONADOS AO RISCO DE QUEDA EM PESSOAS IDOSAS DA COMUNIDADE: estudo transversal realizado na atenção primária à saúde brasileira
Acidentes por Quedas; Idoso; Distúrbios Nutricionais; Envelhecimento Cognitivo; Idoso Fragilizado; Estado
Funcional; Atenção Primária à Saúde.
As quedas representam um problema significativo de saúde pública, especialmente entre a população idosa, afetando cerca de 30% deste grupo e resultando em incapacidades físicas, redução da autonomia e impacto na Qualidade de Vida (QV). Este estudo teve como objetivo avaliar a associação entre o risco de quedas e aspectos multidimensionais da saúde em idosos atendidos na Atenção Primária à Saúde (APS) no Brasil, considerando fatores como estado nutricional, cognição, fragilidade, funcionalidade QV. Foi realizado um estudo observacional, transversal de abordagem quantitativa, com 257 idosos (≥60 anos) cadastrados na APS do município de Santa Cruz, RN, Brasil. Os dados foram coletados por meio de entrevistas face a face, utilizando instrumentos validados como o Fall Risk Score (FRS) para avaliar o risco de quedas, Mini Nutritional Assessment (MNA), Mini-Exame do Estado Mental (MEEM), Escala de Fragilidade de Edmonton (EFE), Índice de Barthel e Escala de Lawton & Brody. A análise estatística incluiu o teste qui-quadrado de Pearson, o teste de Mann-Whitney e o coeficiente de correlação de Spearman. Os resultados indicaram que 39,7% dos participantes apresentaram algum nível de risco de quedas, sendo esse risco mais prevalente entre idosos com déficits nutricionais, fragilidade e cognição reduzida. Fatores como cognição preservada, ausência de fragilidade e independência funcional foram identificados como protetores contra quedas. Além disso, pessoas idosas com maior risco de queda apresentaram pior QV, especialmente nos domínios físicos e funcionais. Pôde-se concluir que os aspectos multidimensionais, como nutrição, cognição e funcionalidade, desempenharam um papel central no risco de quedas dos indivíduos da amostra. Esses achados reforçam a necessidade de protocolos mais específicos na APS, incluindo intervenções direcionadas à melhora desses aspectos, como suporte nutricional, fortalecimento funcional e estimulação cognitiva. Estudos futuros devem explorar relações causais por meio de abordagens longitudinais para ampliar a aplicabilidade dos resultados.