Desmistificando a Relacao Entre Calcificacoes Vasculares Mamarias e Risco Cardiovascular: Uma Analise Baseada em Evidencias
Aterosclerose; Doença da Artéria Coronariana; Doenças Cardiovasculares; Mamografia; Fatores de Risco; Tomografia
Objetivos: Avaliar se as calcificações vasculares mamárias identificadas nas mamografias de rastreamento teriam papel na estratificação do risco cardiovascular da população feminina, utilizando-se para esta análise o escore de cálcio coronariano, principal estratificador não tradicional de risco cardiovascular. Objeto de questionamentos existentes na literatura médica, caso comprovada essa associação, poderia-se atribuir ao exame mamográfico um papel adicional, embasando a adoção de medidas preventivas.
Métodos: Estudo observacional transversal, realizado a partir da análise das mamografias para rastreamento realizadas na Maternidade Escola Januário Cicco / Universidade Federal do Rio Grande do Norte entre agosto de 2022 e novembro de 2023. As pacientes com calcificações vasculares identificadas nos exames mamográficos incluídas eram encaminhadas para coleta de dados e realização tomografia para análise do escore de cálcio coronariano, com dados tabelados e submetidos a análise estatística descritiva exploratória e inferencial.
Resultados: Uma população de 151 mulheres concluiu o estudo. A associação entre a presença de calcificações vasculares mamárias e elevados escore de cálcio coronariano não foi estatisticamente relevante (p=0,341), mesmo após regressão logística (p=0,78). No rol das variáveis estudadas, que incluíam medidas antropométricas, socioeconômicas e fatores de risco cardiovascular tradicionais, as variáveis que apresentaram associação positiva significativa com elevados escores de cálcio coronariano foram idade (p=0,038), a presença de hipertensão arterial sistêmica (p=0,004), diabetes melitus (p=0,012), dislipidemia (p=0,021) e doença renal crônica (p=0,007).
Conclusões: Não foi demonstrada associação significativa entre a presença de calcificações vasculares mamárias, identificadas nas mamografias de rastreamento, e elevado risco cardiovascular, quando este é avaliado por meio do escore de cálcio coronariano. Portanto, não há justificativa para inferir risco cardiovascular elevado com base na presença de calcificações vasculares em mamografias de rotina