EXPLORANDO A UTILIDADE DA BIOIMPEDANCIA ELETRICA PARA AVALIACAO DA COMPOSICAO CORPORAL EM PACIENTES COM CANCER: NOVAS PERSPECTIVAS
Bioimpedância elétrica, avaliação nutricional, composição corporal, qualidade muscular, câncer, paciente hospitalizado.
O câncer é uma doença com elevadas taxas de incidência e mortalidade, e seu curso tende a promover alterações na composição corporal (CC) que impactam negativamente no prognóstico da doença. O monitoramento dessas alterações na CC é de extrema importância. Portanto, é essencial contar com métodos confiáveis, acessíveis e práticos para avaliar a CC. A análise de bioimpedância elétrica (BIA) é uma alternativa viável na prática. A BIA oferece uma abordagem detalhada e funcional da CC, com potencial para superar as limitações de outros métodos existentes. Neste sentido, este trabalho visa analisar diferentes abordagens da bioimpedância elétrica na avaliação da CC de pacientes com câncer. Foram realizados dois estudos transversais incluindo adultos e idosos hospitalizados com câncer. Um estudo comparou os parâmetros brutos [resistência (R) e reactância (Xc)] e estimativas [massa livre de gordura (MLG) e ângulo de fase (AF)], derivados da BIA, obtidos por equipamentos de BIA de modelos homólogos e fabricantes distintos (estudo 1). O outro estudo avaliou o desempenho do AF para avaliar qualidade muscular (estudo 2). Ainda no estudo 2, foram utilizados os indicadores radiodensidade muscular esquelética (RDM), índice de qualidade muscular (IQM) e índice de força por radiodensidade muscular (iFRM), como indicadores de qualidade muscular morfológica, funcional e “morfo-funcional”, respectivamente. Testes estatísticos de correlação e concordância foram aplicados e valores P< 0,05 foram considerados com significância estatística. No estudo 1 foram incluídos 116 pacientes, com idade média de 60,8 ± 14,8 anos, sendo 51,7% mulheres. Encontramos correlações muito fortes entre as medições de R (rho = 0,971) e MLG (r = 0,979), e correlações fortes para Xc (rho = 0,784) e AF (rho = 0,768). No entanto, as medições não apresentaram concordância entre os métodos, com os resultados menos satisfatório para reactância e AF, com um viés de concordância de -14,18% [35,67 - (-64,04)] e -13,33% [40,30 – (-66,80)], respectivamente. No estudo 2, foram incluídos 294 pacientes, com idade mediana de 62 anos (59 – 69) sendo 53,7% do sexo masculino. O AF apresentou correlação moderada com a RDM (rho = 0,48, P < 0,001) e correlação fraca com o IQM e o iFRM (rho = 0,22 e 0,26, respectivamente, P < 0,001). O AF baixo demonstrou concordância moderada com a baixa RDM e ruim quando comparado com valores baixos de IQM e iFRM. O AF apresentou precisão moderada (AUC > 0,70) na classificação de baixo RDM, além de uma precisão mais modesta na classificação de baixo IQM e iFRM entre os homens. Em conclusão, os resultados obtidos pela BIA são significativamente influenciados pelo fabricante do dispositivo e pela adequação das fórmulas utilizadas ao equipamento. Além disso, o AF apresenta uma capacidade modesta ao classificar a qualidade muscular reduzida.