DESIGUALDADES NO DIAGNOSTICO E MORTALIDADE POR CANCER COLORRETAL NO BRASIL
Câncer de colorretal; Diagnóstico; Mortalidade; Determinantes sociais da saúde; Desigualdades em saúde
O diagnóstico em estádio avançado e a mortalidade por câncer colorretal (CCR) pode estar relacionada aos fatores individuais, condições socioeconômicas e oferta de serviços de saúde. O objetivo do estudo foi analisar a prevalência do estádio avançado e o padrão de distribuição espacial do diagnóstico em estádio avançado e da mortalidade por CCR no Brasil e sua relação com indicadores populacionais socioeconômicos e de oferta de serviços de saúde. Para o diagnóstico em estadiamento avançado foi realizado um estudo observacional, transversal, com análise dos casos de neoplasia maligna de colón e reto em indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 18 e 99 anos, diagnosticados entre 2010 e 2019 no Brasil (n=69.047), e a analise espacial foi feita a partir das 133 Regiões Intermediárias de Articulação Urbana do território brasileiro no período de 2015 a 2019 (n =34.454). Os dados de estadiamento, mortalidade, socioeconômico e oferta de serviços de saúde foram coletados em sistemas de informação. Foi realizado modelo de Regressão de Poisson Multinível com intercepto aleatório. A prevalência de diagnóstico em estádio avançado do CCR (III e IV) foi de 65,6%. O estádio avançado foi associado a faixas etárias mais idosas (RP 4,40) e mais jovens (RP 1,84) ao baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) (RP 1,22) e baixa densidade de equipe de estratégia de saúde da família (RP 1,10). A análise espacial foi feita utilizando o índice de Moran Global e Indicador Local de Associação Espacial. Na análise multivariada foram usados modelos com efeitos espaciais globais, o Spatial Error. A proporção de diagnóstico em estádio avançado de CCR para o sexo feminino foi de 64,7% e o masculino 65,9%. A taxa ajustada de mortalidade por CCR para o sexo feminino foi 11,25 e a masculina 14,29 por 100.00 habitantes. As taxas ajustadas de mortalidade por CCR foi associada ao índice de vulnerabilidade social, densidade de clínico geral, de coloproctologista e de serviços especializados em oncologia. O estudo aponta a distribuição desigual dos determinantes sociais da saúde no diagnóstico em estádio avançado e na mortalidade por CCR no Brasil, demonstrando a necessidade de avaliar e reorientar políticas públicas visando aperfeiçoar a detecção precoce e a prevenção para obter avanços significativos em busca da equidade em saúde nos resultados para essas condições no país