Desempenho do angulo de fase como um proxy da qualidade muscular: Comparando aspectos funcionais e morfologicos no cancer
Análise de impedância bioelétrica; composição corporal; câncer; tomografia computadorizada; índice de qualidade muscular; ângulo de fase
Introdução: Alterações morfológicas na arquitetura/composição muscular ou a redução da função muscular são marcadores de qualidade muscular prejudicada, associados a desfechos adversos no câncer. A tomografia computadorizada (TC) avalia esse aspecto morfológico da qualidade muscular. No entanto, as imagens de TC nem sempre estão prontamente disponíveis na prática clínica. A qualidade funcional do músculo pode ser avaliada usando o índice de qualidade muscular (IQM) ou o índice de força por radiodensidade muscular (iFRM), que é a razão entre a força muscular e a massa/radiodensidade muscular, respectivamente. O IQM/iFRM reflete a geração de força por unidade de músculo ou unidades Hounsfield (UH), mas também pode não estar disponível em alguns contextos. O ângulo de fase da bioimpedância elétrica (AF) é um marcador, relativamente acessível, da saúde celular e de prognóstico em várias condições. O AF tem sido associado a aspectos da qualidade muscular, no entanto, essa relação permanece pouco explorada. Assim, nosso estudo avaliou o desempenho e a concordância do AF na classificação de diferentes conceitos de qualidade muscular entre pacientes com câncer.
Métodos: Este é um estudo transversal que incluiu pacientes com idade > 20 anos, com vários tipos de tumores sólidos em duas unidades hospitalares de referência em oncologia. A qualidade morfológica do músculo foi avaliada ao nível da terceira vértebra lombar usando imagens de TC para determinar a radiodensidade do músculo esquelético (RDM). A qualidade funcional do músculo foi medida através do IQM e do iFRM.
Resultados: Um total de 294 pacientes foram incluídos (53,7% homens, idade mediana de 62 anos, intervalo: 54 a 69). Tumores colorretais e estágios III-IV foram os diagnósticos e estágios mais frequentes. O AF apresentou correlação moderada com RDM (ρ = 0,48, P < .001), e correlação fraca com IQM e iFRM (ρ = 0,22 e 0,26, respectivamente, P < .001). O baixo AF demonstrou concordância de razoável a pobre com RDM, IQM e iFRM baixos. O AF exibiu precisão razoável (AUC > 0,70) na classificação de RDM baixo. Também demonstrou uma precisão mais modesta na classificação de IQM e iFRM baixos entre os homens.
Conclusão: Este estudo demonstra que o AF apresentou desempenho modesto na classificação de baixa qualidade muscular dentro dos dois domínios conceituais (morfológico e funcional). O AF pode servir como um marcador suplementar da qualidade muscular.