HEMOGLOBINA GLICADA A1C (HbA1c) E DESEMPENHO FÍSICO EM IDOSOS DE DIFERENTES CONTEXTOS EPIDEMIOLÓGICOS DE ENVELHECIMENTO: RESULTADOS LONGITUDINAIS DO INTERNATIONAL MOBILITY IN AGING STUDY (IMIAS)
HbA1c; diabetes; desempenho físico; envelhecimento; estudos longitudinais.
Introdução: Hemoglobina Glicada A1c (HbA1c) refere-se a um marcador sanguíneo que reflete os níveis de glicose no organismo por até 3 meses anteriores à avaliação. A relação entre HbA1c e desempenho físico em pessoas idosas tem sido discutida, mas ainda não foi claramente estabelecida. A análise de algumas medidas se torna fundamental na avaliação global da saúde dos idosos, principalmente ao que concerne ao funcionamento físico. O International Mobility in Aging Study (IMIAS) oferece uma valiosa oportunidade de analisar a relação dos níveis de HbA1c e desempenho físico nos idosos, uma vez que detém uma gama de informações obtidas de análises bioquímicas e funcionais. Objetivos e Hipóteses: Avaliar a relação longitudinal entre a HbA1c e os escores de desempenho físico em diferentes contextos epidemiológicos de envelhecimento. Nossa hipótese é que altos níveis de HbA1c podem causar diminuição no desempenho físico dessa população, considerando possíveis influências do sexo e os aspectos sociodemográficos. Métodos: Dados longitudinais de 1.337 idosos de três países (Canadá, Brasil e Colômbia) do IMIAS foram utilizados para avaliar a relação entre as HbA1c e pontuações da Short Physical Performance Battery (SPPB) entre 2012 e 2016. Modelos Lineares Mistos agrupados por sexo e ajustados por Idade, Local do Estudo, Condições Crônicas, Medidas Antropométricas e Nível Inflamatório foram usados para estimar a influência do HbA1c e covariáveis nas pontuações do SPPB. Resultados: Na linha de base do IMIAS, as cidades da América Latina (AL) tiveram médias de HbA1c mais altas em comparação com as cidades canadenses, sendo Natal (Brasil) a cidade com as maiores médias de HbA1c em homens e mulheres (6,32 ± 1,49; 6,56 ± 1,70 respectivamente). As médias SPPB foram significativamente menores nas cidades da AL, e os idosos de Natal tiveram médias SPPB mais baixas em homens (9,67 ± 2,38; p <0,05) e mulheres (8,52 ± 2,33; p <0,05). Nos modelos lineares mistos multivariados de análises longitudinais, HbA1c foi significativamente associada com pontuações mais baixas da SPPB em homens (β = -0,25, 95% CI: -0,39 a -0,12, valor de p = 0,02), mas não em mulheres. Conclusões: Níveis elevados de HbA1c na linha de base do IMIAS foram associados longitudinalmente a reduções dos escores de SPPB de idosos de diferentes países, entretanto essa associação foi observada apenas em homens e não em mulheres nos modelos de regressão totalmente ajustados. Este estudo destaca uma possível influência do gênero sobre essa relação.