Utilização de benzodiazepínicos: perfil dos usuários atendidos em farmácias comunitárias
Benzodiazepínicos, dependência, farmácias comunitárias
O uso de benzodiazepínicos (BZD) é difundido mundialmente e a dependência pode ocorrer mesmo em usuários que usam doses terapêuticas. Embora os benefícios clínicos dos BZD estejam confirmadas, a ocorrência de eventos graves destacam os riscos potenciais do uso desses medicamentos. Na tentativa de controlar a utilização crônica de BZD, é importante reduzir o número de pacientes que iniciam o uso desses medicamentos. Assim, o objetivo desse estudo foi identificar o perfil do usuário de benzodiazepínicos e avaliar o questionário utilizado como instrumento de coleta de dados. Entre as várias razões para a utilização de BZD, cerca de 1 em cada 2 usuários relataram o uso por causa da insônia, uma situação que exerce efeitos significativos sobre a indução de uso crônico. O clonazepam foi o medicamento mais consumido. Aproximadamente 4 de 5 usuários (87,2%) pesquisados utilizavam benzodiazepínicos por mais de três meses (uso crônico), o que significa ir além da duração máxima de segurança de uso. Ao avaliar a tentativa de suspender o uso e duração de uso de benzodiazepínicos, percebeu-se que a maioria dos usuários nunca tentou parar de usar. Pode-se sugerir que há maior dificuldade em parar o uso de BZD quanto maior for esse tempo de uso (p = 0,019). A pesquisa a partir de dados coletados em Farmácias Comunitárias, apesar do acesso por vezes difícil, possibilita a obtenção de informações importantes sobre utilização de benzodiazepínicos. É possível confirmar o uso inapropriado dessas substâncias, principalmente por exceder a duração máxima segura para utilização (uso crônico). Adicionalmente, educação permanente e seguimento da legislação sanitária devem ser prioridades para minimizar o uso abusivo de benzodiazepínicos, ainda frequente no Brasil.