RELATO HISTÓRICO, ARTE E BARROQUISMOS EM EL SIGLO DE LAS LUCES
El Siglo de las Luces, Carpentier, romance histórico, barroquismo, Goya
O romance El Siglo de las Luces, de Alejo Carpentier, trata do impacto social e político da Revolução Francesa nas Antilhas, transpondo para a região o clima turbulento do período e o jogo de incertezas e questionamentos que marcaram a Ilustração ou século das luzes (XVII). Carpentier recria em diferentes cenários uma autêntica epopeia caribenha. Os personagens emulam a sociedade da época, seja na Havana daquele período, com sua burguesia mercantil ascendente, seja no Haiti conflagrado por disputas e palco de revoltas por liberdade e autonomia, seja na Paris revolucionária ou ainda na Madri do início do XIX, em plena emergência da Guerra da Independência Espanhola. Esta dissertação desdobra-se em três abordagens principais. A primeira volta-se ao diálogo entre literatura e história proposto por diferentes teóricos, examinando o modo como ele é particularizado neste romance; em seguida, abordamos o modo como se delineia a vinculação entre literatura e arte, em uma tessitura que atrela o desenvolvimento de partes do romance a frases – que Carpentier transforma em epígrafes – descritivas de 13 das 82 gravuras da série Los desastres de la guerra, do espanhol Francisco de Goya. Finalmente, esquadrinhamos a presença barroca na minuciosa e opulenta descrição dos cenários dos acontecimentos relatados/criados ao largo deste monumental romance. Para proceder a estas análises, utilizamos as ferramentas do campo metodológico da literatura comparada, de viés qualitativo, buscando os elementos [e teorias] que produzem uma leitura producente entre a obra e diferentes estéticas e concepções narrativas.