PRÁTICAS DISCURSIVAS E CUIDADO DE SI: A CONSTITUIÇÃO DE SUBJETIVIDADES DE CELEBRIDADES IDOSOS(AS) NA MÍDIA
Subjetividades. Celebridades idosas/os. Cuidado de si. Discursividades
Esta tese tem como objeto de estudo a constituição de subjetividades de artistas idosos (as), considerados celebridades no meio artístico, oriundas de práticas discursivas veiculadas em sites e revistas eletrônicas e publicadas entre o período de 2011 e 2020. A questão central reside no modo como as celebridades se munem de técnicas de si, em seus enunciados, buscando construir tipos de subjetividades que não as inscrevam como indivíduos decrépitos e fadados ao ostracismo social ou à condição de “refugo humano” de forma a contribuir para a manutenção de sua visibilidade após os 60 anos. Objetiva-se analisar como artistas idosos relatam, em seus posicionamentos discursivos, veiculados pela mídia, a utilização de técnicas de si voltadas à estética corporal visando à manutenção de padrões de beleza ao constituírem suas subjetividades; problematizar enunciados em matérias veiculadas nas mídias cujos autores constroem subjetividades e ainda interpretar sentidos em falas dessas/desses celebridades que apontam técnicas de si na construção de subjetividades que não as inscrevam como indivíduos decrépitos e fadados ao ostracismo social ou à condição de “refugo humano”. As discursividades presentes nas falas das entrevistas concedidas ou nos artigos de opinião do ambiente midiático foram categorizadas a partir de enunciados cujos efeitos de sentido apontam para a utilização de técnicas voltadas ao cuidado de si. O corpus é composto de discursos emanados por 22 celebridades. O estudo, vinculado à Linguística Aplicada, tem como base os postulados teóricos de Foucault (2002a) e Bauman (2015) e teóricos da linguagem, com ênfase nos modos de subjetivação, da arte do cuidado de si (FOUCAULT, 2002a) e na noção de refugo (BAUMAN, 2015). As análises demonstram discursividades voltadas a práticas de resistência à inclusão na condição de refugo humano. Os cuidados com o corpo tendem a refutar as questões estéticas em detrimento das condições básicas para a atividade no trabalho. Enquanto tecnologias de si, os cuidados com o corpo são ancorados na resistência a partir do autogoverno e utilizados como instrumentos de mobilidade social, esta não mais como condição de ascensão profissional, mas como permanência das condições de empregabilidade.