VER A CIDADE EM MOVIMENTO: FRAGMENTOS PERCEPTIVOS DAS PAISAGENS NAS TRAJETÓRIAS DOS ÔNIBUS
Paisagem; Trajetórias; Percepções; Experiências
Viver nas cidades é viver em deslocamento. Nas idas e vindas cotidianas, de um lugar a outro, percorremos a multiplicidade que compõe o espaço, tecemos trajetórias indo ao encontro de paisagens que tocam o desejo. No movimento pelas ruas, os citadinos dão sentido à sua existência, percebem detalhes e fragmentos, se afetam em diferentes intensidades, conhecem e desenvolvem habilidades espaciais. A espacialidade dos objetos e ações atua na produção de visibilidades, as relações entre localização, simbolismos e significações, se reverberam nas percepções das cenas em exposição. O transporte público por ônibus, inserido na trama espacial da mobilidade urbana, oferece trajetórias para o deslocamento entre os lugares, interpõe olhares pelos enquadramentos das janelas, interfere nas experiências espaciais, ao possibilitar e por vezes limitar o espaço da vida. Rotas e linhas encaminham os sujeitos a construir mapeamentos a partir das paisagens percebidas nas ruas. No relacionamento entre corpo e cidade, revela-se a geograficidade contida nas trajetórias dos sujeitos nos ônibus. A presente dissertação tem como objetivo compreender a relação entre mobilidade urbana e percepção da paisagem nas trajetórias cotidianas dos moradores da Região Norte as regiões Leste e Sul na cidade do Natal/RN. A interpretação geográfica sob orientação do método fenomenológico foi o caminho escolhido para construção teórica e prática da pesquisa. Partimos da revisão bibliográfica sobre os conceitos de paisagem, espaço e lugar; nas categorias mobilidade e trajetórias. Realizamos trabalhos de campo nos ônibus e nas ruas produzindo registros gráficos, fotográficos e audiovisuais; nos diários de campo e de rua sistematizamos as descrições das vivências; anunciamos a pesquisa através da intervenção urbana “Ver a cidade em movimento” e utilizamos das redes sociais para ir ao encontro aos moradores da Região Norte; nas entrevistas houve o compartilhamento dos mapeamentos advindos das experiências de mobilidade. Dos relatos construímos narrativas, um modo de descrever as percepções e situações que compõe as trajetórias nos ônibus dos moradores da Região Norte. No fim desta expedição a cidade se apresenta como um mapa de sobreposições das imagens, afetividades, lembranças dos citadinos. Indicando-nos um dos caminhos para decifrar a experiência do habitar citadino.