Título: Os (des)caminhos do açúcar no Rio Grande do Norte: o papel dos engenhos na formação do território potiguar (século XVII ao início do século XX).
Palavras-chave: engenho de açúcar; território; rede; litoral oriental potiguar.
RESUMO
O açúcar foi um dos primeiros produtos econômicos do Brasil e a sua produção, através dos antigos engenhos, foi responsável pela ocupação de boa parte da costa do que atualmente definimos como Nordeste, região onde, ainda hoje, o cultivo da cana e a produção de açúcar possuem relevância econômica. No Rio Grande do Norte não foi diferente. A instalação do primeiro engenho no seu território remete ao princípio do século XVII, logo após o início do processo de colonização efetiva da então capitania. Todavia, nos primeiros séculos de colonização, a agroindústria do açúcar do Rio Grande do Norte era baseada, principalmente, na produção de derivados do açúcar, como rapadura, aguardente e mel, e voltada para o mercado intracolonial. Em meados do século XIX, diante de uma conjuntura externa e interna favorável, a economia açucareira norte-rio-grandense passa por um processo intenso e acelerado de crescimento e passa a se voltar para a produção de açúcar para exportação. A produção açucareira gerou receitas importantes para a agora província do Rio Grande do Norte, atraindo investimentos em infraestrutura, fortalecendo os centros produtores e os núcleos urbanos da região associados a essa atividade econômica. A partir do final do século XX, em um contexto de crise internacional do açúcar, a produção potiguar passa a apresentar uma queda crescente. Entretanto, foi nesse período de crise que se deu a modernização tanto dos meios de transporte, com a implantação das primeiras estradas de ferro do Rio Grande do Norte no litoral oriental, quanto da própria produção do açúcar, com o surgimento das usinas. Os fluxos gerados pela produção, comercialização e transporte do açúcar deram forma a uma rede composta por fluxos (de mercadorias, mão de obra, capitais, etc.), fixos (engenhos, portos/praças comerciais e núcleos urbanos) e articulações (rios, caminhos, estradas e ferrovias). Essa rede influenciou e foi influenciada pelo território no qual estava instalada, o litoral oriental potiguar, em um processo dialético de (trans)formação. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo investigar o papel da produção e dos engenhos de açúcar na formação e estruturação do território do litoral oriental potiguar, região historicamente associada à produção de açúcar no Rio Grande do Norte, tendo como foco de análise três escalas desse território: a regional, a urbana e a arquitetônica.