A Forma do Privilégio: Renda, acessibilidade e densidade em Natal-RN.
Renda. Acessibilidade urbana. Densidade demográfica. Sintaxe Espacial.
Trata-se de um estudo morfológico com objetivo de analisar a estrutura urbana de Natal-RN a partir dos padrões da renda, acessibilidade e densidade. A convergência desses padrões, simbolizando a luta dos grupos e classes sociais pelos frutos e benefícios da forma urbana, descreve uma determinada forma a qual chamamos de A Forma do Privilégio: aquela que concentra ou tende a concentrar riqueza, acessibilidade e baixa densidade. A Forma do Privilégio é resultante da ocupação concentrada das camadas de alta renda, definindo o chamado setor de círculo para onde tem sido atraído o núcleo de integração da estrutura urbana de Natal-RN, além de concentrar investimentos públicos e privados em infraestrutura, serviços e equipamentos urbanos. À concentração de riqueza e acessibilidade, soma-se a baixa densidade demográfica quando comparada aos bolsões de pobreza e miséria localizados à margem do setor de círculo, fato que revela o caráter perverso dos processos espaciais responsáveis pela organização e funcionamento do espaço intra-urbano, que ao criar uma área privilegiada na cidade, concentrando riqueza e acessibilidade, ao mesmo tempo e pelo mesmo processo, exclui a maior parte de sua população. Para tanto, utilizou-se como arcabouço teórico os pressupostos e procedimentos analíticos da Sintaxe Espacial. No mapeamento dos padrões da renda, acessibilidade e densidade, foram usados dados censitários e sintáticos os quais foram inseridos em Sistemas de Informação Geográfica – SIG. A Forma do Privilégio, entendida como um princípio organizador do espaço intra-urbano, foi aplicada em outras capitais nordestinas no intuito de observar seu alcance e, ainda, verificar a intensidade com que cada estrutura urbana funciona de acordo como esse princípio, identificando o grau de perversidade do urbanismo e do planejamento urbano que a gerou.