FATORES DETERMINANTES DA DECISÃO SOBRE A PRÁTICA DA CESARIANA EM NATAL-RN
parturição, parto cesáreo, planejamento familiar, saúde reprodutiva, desigualdade social.
Este estudo consistiu em analisar os fatores que determinaram à trajetória percorrida entre o tipo de parto desejado e o realizado, a partir dos motivos mencionados pelas gestantes durante o acompanhamento de mulheres do Município de Natal, no Nordeste do Brasil, no ano 2000. Tratou-se de um estudo longitudinal, originado da base de dados de um Estudo Multicêntrico, envolvendo outras localidades do Brasil, composta de mulheres em idade fértil que procuraram o serviço público ou privado. Foram realizadas três entrevistas: no início da gestação, no mês anterior à data provável do parto e até um mês após o parto, perfazendo um total de 433 entrevistas, sendo finalizada com uma amostra de 269 mulheres. O estudo satisfez a um critério de elegibilidade, abrangendo uma amostra das mulheres de 18 a 40 anos de idade, que residiam em Natal e que estavam grávidas no máximo, na 22a semana de gestação, e procuraram o serviço público ou privado para a realização do pré-natal. Não entraram no estudo, aquelas mulheres que faziam um acompanhamento em ambulatórios especiais (hipertensão ou diabetes gestacional, HIV/AIDS). A análise consistiu, primeiramente, num estudo descritivo, seguido de uma discussão sobre a trajetória do desejo à realização do parto e testou-se a significância estatística dos partos com variáveis socioeconômicas. Sequencialmente, adotou-se uma análise bivariada centrada nos testes de associação, onde foi considerada a variável tipo de parto como sendo a variável resposta e as demais variáveis, relacionadas à condição sócio-demográfica e a saúde reprodutiva da mulher, como sendo as variáveis de risco ou independentes. Para o cálculo da razão de chance (OR), foi utilizado o modelo de regressão logística múltipla - Wald Forward Stepwise. Os resultados mostraram o distanciamento efetivo que existe entre o desejo por um tipo de parto e a sua realização, quando os fatores não foram somente técnicos, mas, também, recaíram sobre a falta de prática do parto normal, pelo obstetra, e uma consciência ética nos procedimentos obstétricos, especialmente, no serviço privado, de modo a favorecer uma maior abertura na participação da gestante na escolha pelo tipo de parto.