Banca de DEFESA: CID AUGUSTO

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : CID AUGUSTO
DATA : 25/06/2021
HORA: 09:30
LOCAL: Plataforma Google Meet
TÍTULO:

PODER, MÍDIA E DISCURSO NA “CANONIZAÇÃO” do cangaceiro JARARACA


PALAVRAS-CHAVES:

Mídia. Discurso. Poder. Resistência


PÁGINAS: 189
RESUMO:

Cerca de 50 cangaceiros chefiados por Virgulino Ferreira da Silva, Lampião, tentaram invadir Mossoró-RN em 1927. A defesa liderada pelo prefeito Rodolpho Fernandes derrotou os bandidos. Um deles, José Leite de Santana, Jararaca, a quem atribuem crimes monstruosos, como o de lançar crianças para o alto e apará-las na ponta do punhal, foi preso e enterrado vivo pela polícia, segundo a versão mais comum de sua morte. Desde aquele ano, a mídia faz retomadas frequentes de narrativas que exaltam os heróis locais em detrimento dos inimigos. Apesar dessa suposta regularidade enunciativa, os discursos materializados na imprensa geraram deslizamentos de sentidos à medida que Jararaca virou santo, ofuscando os defensores. Além disso, o túmulo dele atrai fiéis e curiosos, enquanto poucos sabem onde se localiza o do prefeito que salvou os munícipes da sanha lampiônica. As rupturas que propiciaram tal fenômeno motivam este trabalho cujo objetivo, em linhas gerais, é identificar, descrever e analisar discursividades das quais se possam extrair evidências sobre as condições de aparecimento, formação e continuidade dos enunciados em torno da “canonização” do bandoleiro. Projetou-se, para tanto, uma pesquisa de natureza qualitativa com análise documental e com inserção na área da Linguística Aplicada Indisciplinar (MOITA LOPES, 2006). A base teórica parte dos estudos da linguagem, com Foucault (1987, 1988, 2004, 2005, 2006, 2007a, 2007b e 2013), de quem são extraídos conceitos e procedimentos relacionados ao método da Análise do Discurso, ao poder, à resistência e à ostentação dos suplícios; envolve teorizações sociais e da história, recorrendo-se a Hobsbawm (2010), Fernandes (2009), Silva (2007), Pericás (2010) e Falcão (2013) para entender o banditismo no Nordeste; e busca, no campo da comunicação, especialmente em Sousa (2004), Traquina (2001, 2005), Thompson (2004), Charaudeau (2006), Wolf (2003) e Kellner (2001), pistas para interpretar o papel da mídia na transformação do criminoso em milagreiro. A conclusão a que se chega, do exame do corpus formado por matérias jornalísticas de 1927, 1977 e 2017, é a de que o Jararaca que habita o imaginário mossoroense não é aquele homem preso e morto pela polícia, e sim uma figura idealizada e “canonizada” no conjunto de discursividades sobre ele atravessadas por múltiplas influências na subversão dos mecanismos de controle, seleção, organização e redistribuição de signos do discurso oficial, nascidos nos aparelhos de Estado, pelo discurso do cotidiano, produzido nas periferias instáveis, no turbilhão das relações sociais, graças ao processo de agendamento que produz repercussões simbólicas há quase 100 anos.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 132.508.094-20 - MARLUCE PEREIRA DA SILVA - UFPB
Interna - 047.613.914-72 - MARIA BERNADETE FERNANDES DE OLIVEIRA - UFRN
Interna - 1149420 - MARIA DA PENHA CASADO ALVES
Externo à Instituição - EDGLEY FREIRE TAVARES - UERN
Externa à Instituição - LAURENIA SOUTO SALES
Externo à Instituição - MARCILIO LIMA FALCÃO
Notícia cadastrada em: 09/06/2021 16:30
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