Banca de QUALIFICAÇÃO: MARIANA CELA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE: MARIANA CELA
DATA: 06/08/2012
HORA: 09:00
LOCAL: auditorio de psicologia
TÍTULO:

O FAZER DO PSICÓLOGO NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA


PALAVRAS-CHAVES:

NASF; atuação do psicólogo; atenção básica.


PÁGINAS: 67
GRANDE ÁREA: Ciências Humanas
ÁREA: Psicologia
RESUMO:

Nascendo com a Constituição de 1988, o Sistema Único de Saúde (SUS) se propõe a garantir para a população atenção universal à saúde de forma integral, equânime, promovendo a participação social. São priorizadas as ações no nível básico de atenção que se estendam ao contexto familiar e social dos indivíduos, visando a melhoria nas condições gerais de saúde da população. Como principal mecanismo de reorganização da atenção básica sob os princípios do SUS, foi desenvolvida a Estratégia Saúde da Família (ESF) que conta, desde 2008, com o suporte dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Os NASF, tendo como fundamento de suas ações o apoio matricial, potencializam a atuação das equipes da ESF frente à grande variedade de demandas e atividades que se encontram sob seu encargo, operando a relação entre equipes de maneira dialógica, horizontal, priorizando a integralidade de ações e transversalidade dos conhecimentos. Para atuar na qualificação e complementaridade das equipes de Saúde da Família, os NASF estruturam-se em equipes com profissionais de diversas especialidades da saúde, dentre as quais se encontra a saúde mental. Esse campo de integração entre a saúde mental e a atenção básica emerge como mais um espaço de trabalho para o psicólogo no setor público. Mais do que retomar discussões anteriores sobre a adequação da atuação às estratégias de combate à pobreza, essa inserção também provoca questionamentos acerca da suficiência (além da adequação) dos aportes teórico técnicos da Psicologia para esse trabalho. Essas questões existem desde a década de 1980, quando os estudos sobre a profissão de psicólogo apontam para um incômodo posicionamento da profissão no atendimento clínico psicoterápico voltado para as classes sociais que possuem maior poder aquisitivo, não englobando, desta forma, as necessidades da maior parcela da população. Surge, então, um questionamento crítico ao modo tradicional de se fazer psicologia, que (se aliando às mudanças ocorridas na década de 1980) amplia o campo de atuação da psicologia aos setores de bem-estar social. Temos como principais fatores que impulsionam as mudanças pelas quais passou a Psicologia: a falência do modelo profissional autônomo (fato relacionado a diminuição do poder aquisitivo da classe média); a ampliação do campo de atuação profissional do psicólogo através das mudanças no setor de bem-estar social (o que inclui a saúde pública); e discussões teórico-ideológicas que nutrem redefinições nos rumos da psicologia. Apesar da crescente procura destes profissionais pela prática no campo da saúde pública, em especial nos NASF, observamos que os dados que permitem conhecer a forma como sua atuação está sendo integrada aos serviços, ainda são incipientes. Em estudos preliminares, observou-se que os psicólogos têm sido os principais representantes da saúde mental nos NASF instalados no RN. Diante deste quadro, este estudo se propõe a problematizar a prática profissional dos psicólogos que atuam em equipes NASF no Rio Grande do Norte, no que se refere aos modelos de atuação empregados e sua consonância com os princípios do SUS para a atenção básica á saúde. Objetiva ainda, de maneira mais específica: identificar as formas de inserção profissional do psicólogo neste campo; caracterizar o trabalho exercido pelo psicólogo no NASF (descrição das atividades desenvolvidas por tais profissionais); e produzir uma análise das características e limites dessa ação, a partir das referências teórico-metodológicas fundadas na ontologia marxiana. Para tanto estão sendo realizadas entrevistas semiestruturadas com psicólogos que atuam nas equipes NASF mais antigas do RN, sendo um total de 7 equipes implantadas no ano de 2008,  compreendendo-se que a antiguidade das equipes pressupõe maior consolidação da mesma havendo uma melhor organização e apropriação das diretrizes de funcionamento do núcleo. No total serão realizadas entrevistas com 7 psicólogos, em 6 municípios (sendo que um dos municípios possui duas equipes NASF). O roteiro de entrevista contempla blocos de informações referentes aos determinantes da entrada no psicólogo nos serviços, formação para a prática atual, funcionamento do NASF, atividades realizadas pela equipe NASF e pelo psicólogo, articulação de ações, limites da atuação do psicólogo no NASF, dentre outras que poderão emergir no momento de análise das entrevistas. Até o momento foram realizadas três entrevistas. Cada equipe NASF (nas quais as psicólogas entrevistadas se inserem) se responsabiliza pela cobertura de oito a dez unidades de saúde, sendo estas compreendidas na zona urbana e na zona rural dos municípios. Funcionam baseando-se em um cronograma de visitas e atividades ligadas às unidades de saúde, atendendo a encaminhamentos das equipes Saúde da Família, de outras instituições do município e a demandas espontâneas que surge constantemente. Os profissionais da equipe NASF realizam atendimento ambulatorial/clínico nas especialidades, destacando-se os profissionais médicos cujas atividades são prioritariamente nesta modalidade de atendimento. Realizam ainda visitas domiciliares de acordo com a demanda das equipes Saúde da Família, e grupos terapêuticos e informativos que reúnem-se mensalmente. As ENASF participam em programas (como o Programa Saúde na Escola), através da realização de palestras educativas. Todas as psicólogas entrevistadas até então se inserem nos serviços por meio de contratos de prestação de serviços, tendo chegado ao Núcleo de Apoio à Saúde da família através de seleção ou convite pessoal. Sua formação é voltada para a área clínica, e todas já atuaram em algum momento (paralelo ou não ao trabalho do NASF) nesta área. Aquelas que entraram no NASF no momento de estruturação da equipe passaram por treinamentos que seguiram três etapas principais: integração com a equipe; estudo e discussão teórica sobre o NASF; e conhecimento do município e da rede de atenção que lá atua. Quando a entrada do psicólogo não coincidiu com o estabelecimento da ENASF, a qualificação para o trabalho no núcleo se deu através de estudos individuais e conversas informais com outros membros da equipe. A participação em capacitações, reuniões e treinamentos oferecidos pela Secretaria Estadual de Saúde, foi citada por todos os entrevistados, no entanto, eles ressaltaram a falta de regularidade e frequência destas atividades. Aquelas psicólogas que não contam com experiência profissional prévia nas áreas de saúde e social, apontaram o preparo para a atuação no NASF como tendo sido de grande importância para o desenvolvimento de seu trabalho no núcleo, porém não sendo suficiente para sanar dificuldades na compreensão do seu papel e atividades desenvolvidas no NASF. As entrevistadas indicam como atividades que desenvolvem (enquanto psicólogas do núcleo) em seu cotidiano de trabalho: regulares atendimentos terapêuticos individuais; visitas domiciliares quando solicitado por outro profissional; grupos terapêuticos e informativos regulares; encaminhamentos para outros profissionais, equipes e serviços da rede sócio-assistencial; palestras educativas; e acolhimento de usuários. As entrevistas apontam, de forma geral, que há articulação entre profissionais da equipe NASF, no entanto, de maneira geral, indicam que há dificuldades na interação com os profissionais médicos. Esta articulação da equipe se dá através de discussões de casos (regulares ou não), encaminhamentos, atendimentos multidisciplinares, assim como no planejamento (semanal ou mensal) das atividades desenvolvidas pela equipe. A articulação com outras instituições do município (CRAS, CREAS, ONGs, secretarias, conselhos e instâncias judiciárias) se dá, prioritariamente, via encaminhamentos, havendo, em alguns casos, palestras educativas solicitadas à equipe NASF. A articulação com as equipes Saúde da Família se restringe, em sua maioria, a uma relação de encaminhamentos com pouca, ou ausente, discussão de casos. Apenas uma profissional entrevistada indicou que a equipe NASF em que atua realiza ações de apoio matricial com as ESF e CAPS, para discussão de casos e atividades pedagógicas. As profissionais entrevistadas apresentam como desafios que encontram em seu trabalho no NASF o local inadequado onde realizam atendimentos; elevado número de usuários que devem ser acompanhados; e consideram baixa a frequência com que realizam o atendimento individual impossibilitando o acompanhamento efetivo do caso. Isso indica a reprodução do ideal conservador da psicologia clínica tradicional, que requer o atendimento individual, privativo, semanal, de longo prazo, para concretizar a efetividade da atuação psicológica. Uma das entrevistadas, reconhecendo os limites impostos pela lógica de funcionamento do trabalho em saúde pública, aponta como um dos desafios de sua atuação o desligamento da compreensão individualizante do sujeito para se pensar em uma atuação mais abrangente da psicologia


MEMBROS DA BANCA:
Externo à Instituição - MARIO SERGIO VASCONCELOS - UNESP
Externo à Instituição - NADIA MARIA RIBEIRO SALOMÃO - UFPB
Notícia cadastrada em: 02/08/2012 17:57
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