As depressões e o feminino: uma articulação psicanalítica.
psicanálise; depressão; melancolia; feminino; método teórico
Uma grande ocorrência do diagnóstico de depressão entre mulheres pode ser constatada. Na psiquiatria, o diagnóstico de depressão se refere à descrição de sintomas, tratados por medicamentos. Em contrapartida, a psicanálise transporta-se para uma clínica que prioriza o sujeito, questionando a sua implicação com a sua queixa, que pode ter como desdobramento uma mudança de posição frente ao seu sofrimento. Esta perspectiva nos leva a tomar como referência a teoria psicanalítica na investigação da questão: quais as articulações entre as depressões e o feminino? Objetivamos analisar as relações entre as depressões e o feminino, sob uma perspectiva psicanalítica. Mais especificamente, discutir as depressões nos diálogos com a melancolia e delimitar o feminino na psicanálise. Trata-se de uma pesquisa do tipo teórico. A partir de uma contextualização das depressões, abordando sua dificuldade conceitual, o histórico do termo, as articulações com o mal estar na cultura e o lugar da psiquiatria, foram analisadas as obras de Freud e Lacan no que diz respeito às depressões e à melancolia, bem como à discussão do feminino, situado a partir da constituição dos sujeitos e das peculiaridades de sua inscrição. Para Freud, a depressão é uma neurose de angústia decorrente de inibições sexuais; Lacan nomeia a posição do sujeito deprimido de demissão subjetiva, que corresponde a desistir de si porque cede de seu desejo. A pesquisa mostrou que é possível articular o feminino e as depressões: pela via freudiana, especialmente a partir da castração; sob a ótica lacaniana, a articulação foi viabilizada pela especificidade do gozo feminino e da inscrição feminina na dialética fálica. Embora nossas conclusões estejam vinculadas ao universal da linguagem, situamos a singularidade sempre no horizonte.