Banca de QUALIFICAÇÃO: INGRID NOGUEIRA SOUSA

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : INGRID NOGUEIRA SOUSA
DATA : 01/07/2019
HORA: 09:30
LOCAL: INSTITUTO DO CEREBRO
TÍTULO:

CARACTERIZAÇÃO DE TIPOS CELULARES AFETADOS POR TINNITUS INDUZIDO POR RUÍDO NO CÓRTEX AUDITIVO DE CAMUNDONGOS


PALAVRAS-CHAVES:

Tinnitus, Córtex Auditivo, Patch Clamp, Células Piramidais e Células Martinotti.


PÁGINAS: 65
RESUMO:

O tinnitus é um estado anormal de atividade das células nervosas do sistema auditivo, que leva à percepção de sons fantasmas, como um zumbido nos ouvidos. Embora a percepção do tinnitus não seja prejudicial em si, pode levar a um estresse psicológico grave, ansiedade e depressão. Vários estudos indicam o córtex auditivo como um alvo potencial para a estimulação transmagnética para aliviar a percepção do tinnitus, mas pouco é conhecido sobre como esse zumbido altera os circuitos corticais. Aqui nós investigamos populações celulares do córtex auditivo primário (A1) em um modelo de tinnitus induzido por ruído em camundongos adultos (p38-p52) e que não gera perda auditiva. Nosso objetivo foi identificar subtipos específicos de células piramidais corticais (PCs) e células inibitórias Martinotti que são afetadas pelo trauma acústico (4-20kHz, 90dB, 1,5 h). Para isso, utilizamos duas estratégias: 1) a classificação eletrofisiológica de células piramidais da camada 5 do córtex, aleatoriamente escolhidas e registradas através de patch clamp em fatias do cérebro de  animais do grupo controle e do grupo tinnitus-induzido, 2) usando um integrador de cálcio ativado por atividade (CaMPARI), que é uma proteína fluorescente que fotoconverte de verde a vermelho quando estimulada pela luz violeta (~ 400nm) e na presença de alta concentração de cálcio intracelular. Registros de whole-cell patch clamp foram feitos em um total de 107 células (células piramidais; controle: n = 46, grupo tinnitus-induzido: n = 41; células de Martinotti; controle: n = 8, grupo tinnitus-induzido: n = 12) da camada 5 do A1. Células piramidais foram caracterizadas com base no tamanho e forma dos seus corpos celulares, localização e padrões de disparo, enquanto as células de Martinotti foram identificadas por fluorescência vermelha, usando animais Chrna2-tomato positivos, um marcador específico para este tipo de célula da camada 5 do A1, e também através de suas características eletrofisiológicas. A análise das propriedades de disparo (sag, rebound potential e pós-hiperpolarização) nos permitiu subdividir células piramidais em tipo A e B. As células do tipo A correspondem a células com grandes pós-hiperpolarizações (AHPs), sags proeminentes e pronunciada pós despolarização (ADP). Enquanto as células piramidais do tipo B correspondem a células com ausência de AHP ou ADP, e pequenos sags de hiperpolarização. Comparando os dois tipos de células piramidais em fatias do grupo controle, observou-se que PCs do tipo A (n = 11) tem um potencial de membrana mais despolarizado que PCs do tipo B (A: -65,7 ± 1,5 mV, B: -72,3 ± 1,4mV, p = 0,003), uma Rheobase mais baixa (A: 68,0 ± 4,3pA, B: 108,4 ± 9,5pA, p = 0,001), uma frequência de disparo inicial maior (A: 64,9 ± 10,9Hz, B: 33,2 ± 3,8Hz, p = 0,008) e uma frequência estacionária mais elevada (A: 20,3 ± 1,8Hz, B: 13,3 ± 1,3Hz, p = 0,004) que PCs tipo B (n=13). Quando comparamos propriedades eletrofisiológicas entre células de animais superexpostos ao ruído e animais controle, encontramos PCs tipo A de animais superexpostos ao ruído (no) tendo uma frequência de disparo em estado estacionário mais baixa (noA: 16,1 ± 1,2 Hz, n = 19) do que do grupo controle A PCs (p = 0,050). PCs tipo B de animais superexpostos apresentaram aumento na frequência de disparo em estado estacionário (noB: 19,5 ± 2,4 Hz, n = 22) em comparação com PCs do tipo B dos animais controle (p = 0,048). Após a superexposição ao ruído, a diferença no potencial de membrana em repouso e rheobase entre os tipos A e B permaneceu, no entanto, a diferença na frequência inicial e estado estacionário foi abolida. Células de animais mais jovens (p16-p23) mostram resultados similares aos dos animais mais velhos, quando comparados grupo controle e superexposto, em relação a frequência inicial (A: 61,9 ± 6,4Hz, B: 46,0 ± 4,15Hz) e frequência no estado estacionário (A: 17,9 ± 1,4 Hz, B: 17,7 ± 2,3 Hz). Interessantemente, dados preliminares de células Martinotti de animais superexpostos ao ruído (noM) mostram uma frequência de disparo inicial mais alta (noM: 80,5 ± 3,4Hz, M: 70,05 ± 6,5Hz) e também estacionária (noM: 33,5 ± 4,9Hz, M: 20,35 ± 4,4Hz) em comparação ao grupo controle (M). Usando CaMPARI (n = 4 camundongos) não pudemos verificar tipos celulares específicos afetados pela superexposição ao ruído, mas pudemos observar células com maior atividade em comparação às células vizinhas, indicando que a superexposição ao ruído não afeta as células uniformemente na camada 5-6 do A1. Juntos, esses resultados são um primeiro passo na identificação de neurônios corticais específicos afetados por trauma acústico e quantificam as diferenças eletrofisiológicas observadas em cada subtipo celular. Entender os mecanismos celulares do tinnitus é crucial para o melhoramento dos tratamentos usando estimulação cortical.


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 2394627 - EDUARDO BOUTH SEQUERRA
Presidente - 1976236 - EMELIE KATARINA SVAHN LEAO
Interno - 2183828 - TARCISO ANDRE FERREIRA VELHO

Notícia cadastrada em: 17/06/2019 13:47
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