PALMA FORRAGEIRA ASSOCIADA A DIFERENTES FONTES DE FIBRA NA DIETA DE CABRITOS
bagaço de cana, capim elefante, caprinocultura, carne caprina, fibra efetiva
Nos sistemas de produção de leite caprino, os cabritos geralmente recebem manejo e nutrição deficiente, dada a pouca contribuição que dão ao faturamento da propriedade e, desta forma, tem-se o mau aproveitamento de uma potencial fonte de proteína de origem animal de qualidade. Na região Nordeste, em virtude da sazonalidade na oferta de volumosos que decorre das precipitações pluviométricas irregulares, o sistema de confinamento pode ser utilizado como estratégia para encurtamento do ciclo de produção, sendo pertinente que se busquem fontes alimentares e práticas de manejo que garantam a viabilidade econômica do sistema produtivo. Neste sentido, objetivou-se avaliar o desempenho, consumo e digestibilidade dos nutrientes, comportamento ingestivo e as características de carcaça de cabritos de origem leiteira em confinamento. Foram utilizados 24 animais (sendo 12 inteiros e 12 castrados), com peso inicial médio de 18,5 ± 3,8 kg, alimentados durante 70 dias com dietas a base de palma forrageira, recebendo bagaço de cana-de-açúcar ou feno de capim-elefante como fontes de fibra, com dietas formuladas para possuírem quantidades semelhantes de FDN. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado num arranjo fatorial 2 x 2, com duas condições sexuais, duas fontes de fibra e seis repetições por tratamento, totalizando 24 parcelas. Foram realizadas análises de variância para a condição sexual e fonte de fibra e, quando necessário, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey ao nível 5%. Não houve diferença estatística para os CMS avaliados, entretanto, foram constados maiores CCNF para as dietas contendo feno de capim-elefante. Maiores coeficientes de digestibilidade para MS, PB e CNF, foram constatados para a dieta a base de bagaço de cana, com exceção da digestibilidade da FDN, que não demostrou diferença estatística entre as variáveis analisadas. Houve interação para o consumo de NDT, com maiores resultados para os animais inteiros que consumiram a dieta a base de feno de capim-elefante. No que se refere ao desempenho dos animais não foram detectadas diferenças para as variáveis analisadas. Em relação ao comportamento ingestivo, houve diferença para os tempos de ócio, ruminação e tempo de mastigação total, mas não houve efeito para as eficiências de alimentação e ruminação avaliadas. No tocante as características de carcaça, foram observadas diferenças estatísticas para PCQ, PCF, RCQ, RC e RB, entretanto o PF, PCV, pH e temperatura da carcaça não se mostraram diferentes estatisticamente. Para PCQ e PCF verificou-se efeito da condição sexual bem como interação significativa entre as fontes de variação. Em relação aos cortes cárneos, houve influência da dieta sobre o peso do pernil, bem como efeito da condição sexual sobre os pesos de costelas e pescoço, assim como rendimento deste. As medidas morfométricas, comprimento interno, largura da garupa, comprimento da perna, ICC e ICP, foram influenciados pela dieta, com maiores medidas para os animais que consumiram a dieta a base de feno de capim-elefante. Também foi observada interação significativa entre as fontes de variação para o perímetro da perna e ICC. Os pesos e rendimentos da buchada e panelada não foram alterados. As dietas e as condições sexuais avaliadas não alteram o consumo de matéria seca e desempenho dos caprinos mantidos em confinamento, muito embora o consumo e digestibilidade de nutrientes sejam diferentes entre as mesmas. As diferentes fontes de fibra influenciam o comportamento ingestivo desses animais, mas sem modificar as eficiências de ruminação e alimentação. A dieta e a condição sexual modificam a característica da carcaça de cabritos de origem leiteira, no entanto sem alterar o rendimento da buchada. Recomenda-se, como alternativa para o confinamento de caprinos de origem leiteira, uma dieta a base de palma forrageira e feno de capim-elefante, entretanto sem a prática da castração.