Banca de DEFESA: WELSON AIALON ALCANIZ DOS SANTOS

Uma banca de DEFESA de MESTRADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : WELSON AIALON ALCANIZ DOS SANTOS
DATA : 09/03/2020
HORA: 14:30
LOCAL: Sala de Reunião, Centro de Biociências, UFRN
TÍTULO:

ENERGIA EÓLICA E IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS: UMA ABORDAGEM ATRAVÉS DA ECOLOGIA HUMANA E CULTURAL


PALAVRAS-CHAVES:

Energia eólica; Meio ambiente; Impactos socioambientais; Ecologia Humana; Cultura.


PÁGINAS: 115
RESUMO:

Após a crise do petróleo na década de 1970, o crescimento da demanda por fontes de energias renováveis por todo o mundo se configurou como uma oportunidade em atenuar os efeitos nocivos do uso de combustíveis fósseis. Atualmente as políticas internacionais de estímulo as fontes renováveis proporcionam aos países europeus expandir as principais tecnologias no que se refere a este setor, assim, direcionando suas ações para ampliar o mercado produtivo aos demais continentes com a venda de tecnologias associadas a esse segmento. Seguindo a tendência internacional, o Brasil passa a protagonizar um cenário de incentivos à indústria renovável, em especial a eólica, a partir de políticas setoriais que possibilitou a inserção de mecanismos de fomento como o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas – PROINFA. O Nordeste brasileiro é hoje o principal alvo dos empreendimentos eólio-elétricos. De acordo com os dados abertos da Empresa de Pesquisa Energética nacional (EPE, 2019), essa porção do território brasileiro contempla 424 empreendimentos em operação comercial, 141 projetos eólicos em construção e 122 em processo de outorga e licenciamento ambiental. Esse grandioso volume de projetos corrobora a nossa avaliação quanto ao quadro industrial do setor eólico em um ambiente cujas atividades humanas em relação ao seu meio ambiente são, de fato, pouco estudadas e merecem total atenção. Diante desse breve preâmbulo, levantamos as seguintes hipóteses: as atividades do setor energético de matriz eólica, baseadas em um modelo industrial europeu, decorre em impactos socioambientais positivos e/ou negativos? Se sim, quais as alterações desencadeadas no ambiente natural e humano? Quais as implicações que tal atividade pode trazer a comunidades tradicionais locais com diferentes características sociais, culturais, econômicas e ambientais? O objetivo da dissertação é realizar uma análise comparativa dos propensos impactos socioambientais do setor da energia eólica entre municípios produtores, a partir de dois métodos: a Ecologia Humana (MORÁN, 1990) e a Ecologia Cultural (STEWARD, 1955). A análise comparativa entre esses métodos foi aplicada em dois países cuja a atividade eólica vem sendo promovida, Portugal e Brasil. O município português escolhido como área-modelo para esse estudo foi o Concelho de Torres Vedras, uma vez que o setor eólico já se encontra consolidado e em pleno funcionamento desde o ano 2000; e o município de Jandaíra, no Brasil, em que a atividade energética ainda está em plena expansão comercial e territorial.  A metodologia da pesquisa tem um caráter exploratório e descritivo, e foi desenvolvida a partir de informações documentais e de campo. O primeiro capítulo da dissertação intitulado “Energia eólica e a Ecologia Humana no município de Torres Vedras, Portugal”, representa a primeira etapa dessa investigação, já o segundo capítulo “Ecologia Cultural em Jandaíra, Rio Grande do Norte: uma abordagem a partida da Etno-história” apresenta uma investigação da organização social do município de Jandaíra mediante o método da Ecologia Cultural, a partir da leitura das narrativas e história deste município. Os resultados do método da Ecologia Humana aplicados em Torres Vedras determinaram que as formas de utilização, exploração e adaptação ao ambiente natural e humano no neste local, assim como o modelo de organização social, foram determinados pela sua formação histórica, cultural e econômica que possibilitaram a fixação e a permanência dessa população ao longo de tempo e os impactos socioambientais vinculados ao setor eólico são provenientes de dois fatores: a necessidade energética de Portugal como forma de suprir as demandas humanas e econômicas e pela percepção subjetiva das transformações da paisagem local a partir da introdução dos aerogeradores. O método nos possibilitou verificar, também, que esse setor produtivo se configura como uma prática econômica que atenua a escassez energética desse território, contudo, não é uma atividade que se superpõe as demais existentes. A energia eólica é, na verdade, uma complementação às necessidades básicas locais. Quando ao método da Ecologia Cultural, a partir dos documentos e entrevistas  foi possível averiguar que a formação da cidade de Jandaíra teve como principais agentes a atuação dos tropeiros das cidades vizinhas (Lajes e Angicos, principalmente) que utilizavam esse povoado como área de descanso e que devido a disponibilidade e abundância do mel, passou a comercializá-lo com os demais municípios da região. Os relatos orais concedidos pelos moradores mais antigos também atestaram tal informação e acrescentaram a importância da perfuração de poços do DENOCS, no início do século XX, como outro elemento que permitiu a fixação humana no que viria a ser Jandaíra. O método da Ecologia Cultural também proporcionou descobrir nessa localidade uma forte relação ecológica na organização social mediante as atividades dos meleiros e meliponicultores, que desempenharam um papel de agentes protetores do ecossistema e da preservação da abelha-sem-ferrão. A observação das características atinentes a cultura Jandairense, cujos elementos do ecossistema possuem uma estreita relação com as atividades humanas tradicionais, permitiu desenvolver uma crítica ao que chamamos de novos processos ecológicos e culturais da atividade do setor energético eólico. Em nossa ponderação sobre essa seara, reforçamos a perspectiva de que os impactos socioambientais dessa atividade energética podem vir a se sobrepor aos demais elementos da cultura material e imaterial já existentes, pois esses estão sendo perdidos e subvalorizados, sobretudo a cultura oral dos moradores mais antigos, uma vez que essa fonte de renda engendra nos novos moradores uma possibilidade de emprego formal na cadeia produtiva energética. Ao fim, avaliamos que a aplicação do método da Ecologia Humana teve pontos positivos que permitiram a análise do ambiente natural em detrimento das atividades humanas para o recorte espacial que foi utilizado. Entretanto, para analisar os impactos pontuais é necessário que se utilizem outras variáveis ao método como, por exemplo, um maior detalhamento dos aspectos físicos constituintes da paisagem, da fisiografia e de dados quantitativos que somados a uma leitura etnográfica, ampliariam as percepções dos impactos estudados. O método da Ecologia Cultural também se mostrou satisfatório no estudo das relações ecológicas com a cultura local, possibilitou verificar como a população local compreende a sua cultura a partir dos elementos da natureza, possibilitado pela metodologia da Etno-história.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1219932 - FRANCISCA DE SOUZA MILLER
Externa à Instituição - MARISTELA OLIVEIRA DE ANDRADE - UFPB
Externa ao Programa - 2374871 - ZORAIDE SOUZA PESSOA
Notícia cadastrada em: 21/02/2020 09:25
SIGAA | Superintendência de Tecnologia da Informação - (84) 3342 2210 | Copyright © 2006-2024 - UFRN - sigaa08-producao.info.ufrn.br.sigaa08-producao