MULHER NÃO VALE NEM UM REAL: PATRIARCADO NAS LETRAS DAS MÚSICAS DE FORRÓ.
Gênero, patriarcado, industria cultural, violência contra as mulheres.
O patriarcado, a dominação do macho e a opressão de gênero são fatos relativamente recentes, estando inscrito na sociedade humana há cerca de seis milênios e meio, antes da formação da propriedade privada e da sociedade de classes. O patriarcado é um sistema ideológico de dominação que designa o poder ao homem, ao masculino, como categoria social universal, que se consolidou e prevalece na memória coletiva. Devido, principalmente, ao seu enraizamento no tecido social, como ideologia e elemento estruturante das variadas formas de dominação masculina. Porém, se por um lado, o patriarcado coloca em mãos masculina o poder, por outro, encontra o seu antagonismo, que é a resistência das mulheres feministas, ao longo da história. O feminismo colocou na agenda social o caráter político da opressão vivenciada pelas mulheres, ocasionando, assim, várias mudanças nas sociedades ocidentais como: o direito ao voto e de ser votada para as mulheres; crescimento das oportunidades de trabalho assalariado para mulheres, ainda que muito longe de oportunidades e promoções equiparadas; direito ao divórcio; aos contraceptivos; a desfrutar de uma certa autonomia no exercício da sexualidade, entre outros. Contudo, apesar das importantes conquistas obtidas pelas lutas feministas, estamos muito distantes da igualdade entre os sexos. Na atualidade são múltiplos os mecanismos de reprodução e perpetuação da ideologia patriarcal. Um mecanismo significamente relevante desse fenômeno é a violência que é perpretada a mulher em decorrência de seu sexo. A violência contra as mulheres é uma forma de reproduzir e manter o machismo, podendo ocorrer na ruade diversas formas, dentre as quais se destacam a física, a psicológica, sexual, patrimonial e social. Foi nesse fenômeno, que se concentraram nossas analises nesse estudo. Os meios e fundamentos de incidência desse fenômeno são os mais diversos. A nossa apreensão desse tipo de violência se voltou para sua reprodução no âmbito do entretenimento que tem a arte musical como um de seus expressivos produtos de comercialização. Sendo a arte composta por uma variedade de gêneros musicais, devido os limites impostos por esse estudo, delimitamos o forró, mais precisamente, o forró estilizado, como campo de nossa pesquisa. Ao analisarmos as letras das músicas elencadas constatamos a reprodução da violência contra as mulheres de forma naturalizada e banalizada num claro reforço a construção assimétrica das relações de gênero que prioriza o masculino em detrimento do feminino. Essa banalização é talvez, um dos aliados mais forte da perpetuação desse fenômeno, que atinge mulheres em todo mundo e de diversas classe sociais.