INFLUÊNCIA DO GRUPO SOCIAL SOBRE OS COMPORTAMENTOS PRÓ-SOCIAIS DE CRIANÇAS
partilha, comportamentos pró-sociais, exclusão social, movimentos sociais, evolução cultural.
A espécie humana, assim como outras espécies sociais, apresenta a pró-socialidade como forma de manutenção da vida em grupo e sobrevivência. A literatura aponta que crianças pertencentes a culturas mais coletivistas cooperam e ajudam mais, assim como crianças de um status social mais baixo e que passaram por priming de ostracismo (exclusão social). Este projeto foi pensado considerando a realidade brasileira e seus diferentes grupos sociais. O primeiro ponto é a exclusão racial, tendo em vista que o país apresenta historicamente um déficit social com a população parda e preta. O segundo ponto é a existência de grupos que surgiram da luta por direitos básicos e maior igualdade social, sendo eles os assentamentos rurais, provenientes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e as comunidades remanescentes de quilombos. Assim, o presente estudo objetiva investigar o efeito da exclusão racial, do status social e das normas do grupo sobre os comportamentos pró-sociais em crianças. Para isso, fará uso de medidas implícitas e explícitas de avaliação do comportamento. O projeto está divido em dois estudos teóricos e três empíricos. O primeiro estudo empírico aponta como resultados: maior partilha em crianças que se identificam como pardas e pretas, comparadas a crianças brancas; o aumento na partilha mediante priming mostrando partilha entre pares, independente do viés racial do priming e da identificação racial da criança; e por fim, maior preferência explícita por um personagem branco em detrimento do preto, em crianças brancas, pardas ou pretas. Os resultados até o momento corroboram parcialmente as hipóteses iniciais, reforçando que o detrimento de crianças pardas e pretas às brancas influencia os comportamentos pró-sociais. Acreditamos que os próximos estudos fortalecerão a importância da cultura do grupo, seguindo a hipótese que crianças pertencentes a grupos com maior busca por igualdade social mostrarão mais comportamentos pró-sociais. Não foram encontrados outros estudos que investiguem essas questões nestes grupos específicos do contexto brasileiro.