Banca de QUALIFICAÇÃO: PAULO DOURIAN PEREIRA DE CARVALHO

Uma banca de QUALIFICAÇÃO de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : PAULO DOURIAN PEREIRA DE CARVALHO
DATA : 21/06/2022
HORA: 10:00
LOCAL: Videoconferência (Google Meet)
TÍTULO:

Relações entre loucura e racismo na literatura negra brasileira


PALAVRAS-CHAVES:

Racismo. Loucura. Literatura Negra.


PÁGINAS: 85
RESUMO:

Esta pesquisa tem como objetivo estabelecer relações entre o racismo e a loucura tendo como fonte a literatura negra brasileira. Através de uma perspectiva interdisciplinar que envolve o diálogo entre literatura, ciências sociais e história, busca-se encontrar os possíveis elos que interligam esses dois fenômenos sociais que podem ser percebidos como estando numa relação de causa e efeito ao contemplarmos os escritos dos (as) autores (as) selecionados (as) para a pesquisa. Parte-se do pressuposto de que o racismo emerge como um grande produtor de sofrimentos mentais, isto é, de loucura, devido a todas as classificações, opressões, silenciamentos e dores que ele acarreta, tal como postula o filósofo negro Achille Mbembe (2014). Para a análise foram escolhidas as obras Triste Fim de Policarpo Quaresma, do escritor Lima Barreto, o conto A Escrava, de Maria Firmina dos Reis,  o livro de poemas Reino dos bichos e dos animais é o meu nome, de Stella do Patrocínio e o romance Ponciá Vicêncio, de Conceição Evaristo.  A escolha dessas obras se deu pelas questões emocionais, psicológicas e sociais que elas evocam. Percebe-se, preliminarmente, em todas elas que a “loucura” e o racismo são fenômenos que se cruzam interseccionalmente e atravessam as tramas, sendo que estas também nos ajudam a refletir sobre os efeitos nocivos de uma sociedade construída tendo como base uma racionalidade classista, racista e generificada. Os livros refletem sobre fenômenos sociais que se cruzam como marcadores sociais que produzem indiferença e opressão. Alguns dos (as) personagens parecem representar o “não-ser”, isto é, sujeitos que vivenciam a indignidade, e são submetidos a terrores psicológicos e tormentos emocionais que os levam à loucura, pessoas que são esvaziadas do valor humano. Nesta pesquisa, pensa-se na loucura como um fenômeno social, ou seja, que é construído, forjado socialmente e não como uma questão meramente biológica. Por intermédio da análise do conteúdo das obras, percebemos a manifestação de sofrimentos psíquicos, que os autores expressam em um estilo de literatura que pode ser pensada como combativa, no sentido de denunciar mazelas sociais. Por vezes, notamos personagens que não se resignam aos ditames da sociedade. As obras estão carregadas de narrativas biográficas. Conformam uma “escrita negra”, ou melhor, uma literatura negra que denuncia a loucura que revela o racismo como uma uma estrutura fundante de sofrimento mental. Na análise de conteúdo empreendida, decidi por me valer preferencialmente de autores e autoras negras que apresentam uma epistemologia contra hegemônica em relação aos saberes coloniais e colonizados. Deste modo, busca-se romper com lógicas históricas de violências epistêmicas. A tese será constituída de um conjunto de cinco artigos relativamente independentes, mas que dialogam entre si, sendo quatro deles dedicados a um (a) autor (a) especificamente e um trazendo uma reflexão geral sobre o tema de pesquisa. Nesta pesquisa a literatura negra é convidada a falar para trazer à baila a terrível “loucura branca” responsável por criar monstros, deturpações, desumanidades a partir de uma “razão” que enxergava e ainda enxerga o “outro” como ausência, degenerescência, inferioridade, delinquência e desrazão.


MEMBROS DA BANCA:
Presidente - 1149562 - ORIVALDO PIMENTEL LOPES JUNIOR
Interno - 1501788 - ALEXSANDRO GALENO ARAUJO DANTAS
Externa à Instituição - JANAÍNA ALEXANDRA CAPISTRANO DA COSTA - UFT
Notícia cadastrada em: 10/06/2022 08:44
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