“NÃO SEREI INTERROMPIDA”: O ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO COMO ACONTECIMENTO DE AMPLA COMOÇÃO DIGITAL
Sociologia digital; acontecimento; comoção digital; Marielle Franco.
O assassinato da vereadora carioca Marielle Franco em março de 2018 mobilizou sujeitos diversos por todo o Brasil, bem como em várias partes do mundo. As redes sociais digitais cumpriram, e ainda cumprem, um papel fundamental de visibilidade e repercussão do caso na circulação de dados, narrativas e emoções. Tendo como fonte registros virtuais no Twitter entre os meses de março de 2018 e março de 2019, nos propomos a refletir sobre o papel desempenhado pela rede nesse processo.De modo mais específico, como esse caso se constituiu enquanto um acontecimento de ampla comoção digital por meio de sua viralidade e contágio na sociedade. O conceito de acontecimento de ampla comoção digital foi cunhado ao longo dessa pesquisa a partir da articulação da monadologia renovada do sociólogo francês Gabriel Tarde (1843-1904) comreflexõessobre comunicação e cultura na sociedade contemporânea (LAZZARATO, 2006; SAMPSON, 2012; HAN, 2018; MARCONDES FILHO, 2010; FRANÇA, ALMEIDA, 2018). O acontecimentonos faz ver aquilo que uma época tem de intolerável (LAZZARATO, 2006), como as fakenewse políticas de ódio, vastamente exploradas na repercussão digital da morte de Marielle,mas faz também emergir novas possibilidades de vida e transformações da subjetividade.