Educação do campo e projetos vida: Trajetórias dos alunos do PRONERA no Rio Grande do Norte
Sociologia da educação; Movimentos sociais; Educação do campo; Juventude.
Analisamos as trajetórias de vida de jovens assentados formados em cursos de licenciatura ofertados pelo Programa Nacional de Educação na Reforma Agrária – PRONERA nos estados do Rio Grande do Norte e na Paraíba desenvolvidos em Parceria entre Universidades Federais e movimentos sociais. Temos como objetivo compreender como os aspectos formativos – políticos e pedagógicos – ampliam a capacidade destes jovens de realizar escolhas e empreender estratégias que rompam com a reprodução de um modo de vida no qual teriam um lugar social pré-determinado. A juventude é o momento de definir uma identidade própria perante o mundo e de construir projetos para o futuro (NOVAES, 2010), caracterizado por incertezas, momento de realizar escolhas difíceis que terão impacto significativo no decorrer da vida adulta. Além dessas características mais amplas, comuns à juventude, de forma geral, consideramos o lugar social destes jovens e as desvantagens às quais estão fadados a enfrentar para que possam ter sucesso no ambiente escolar, sobretudo sob o ponto de vista do acesso a bens culturais (BOURDIEU 2007.), que lhes são exigidos no percurso formativo e são cobrados no mundo do trabalho. Nesse sentido, tentamos perceber como eles projetam suas expectativas para o futuro, levando em consideração as relações familiares, em geral tradicionais, e as relações vividas no decorrer do processo formativo, sobretudo estabelecidas no Centro de Formação, mantido pelo MST. Na tentativa de compreender as estratégias desenvolvidas a partir dos conhecimentos adquiridos analisamos as suas histórias de vida, dando ênfase a suas trajetórias no ambiente escolar, desde o período de formação até a fase adulta, período no qual os projetos anteriores seriam ou não confirmados. Observamos o percurso formativo tentando compreender nas suas narrativas os significados investidos no processo de formação, percebendo nas falas dos alunos, agora já formados e na fase adulta, a maneira como esses significados foram apropriados e como se refletem em suas atuações no campo educacional.