CONHECIMENTOS, ATITUDES E PRÁTICAS DOS ADOLESCENTES ACERCA DO HIV/AIDS E OUTRAS IST: UM ESTUDO NO INTERIOR DO NORDESTE BRASILEIRO
Adolescente; Doenças Sexualmente Transmissíveis; Síndrome da Imunodeficiência Adquirida; Educação em Saúde; Estudo de Validação.
Na adolescência são estabelecidos padrões básicos de comportamento que repercutem ao longo da vida e, dentre estes, tem-se a sexualidade. Nesse momento de grandes transformações biopsicossociais, costuma ocorrer a iniciação sexual, muitas vezes sem a orientação prévia de um adulto e cercada de muitas dúvidas e curiosidades. Desse modo, torna-se imperioso conhecer os saberes e práticas dos adolescentes escolares acerca do HIV/aids e outras IST, com o intuito de subsidiar políticas públicas de saúde que trabalhem a saúde sexual dessa população. Assim, o objetivo desse trabalho é avaliar os saberes e práticas de adolescentes em relação ao HIV/aids e outras IST no interior do Nordeste brasileiro. Para isso, realizou-se estudo transversal do tipo inquérito CAP (Conhecimento, Atitude e Prática) que incluiu doze escolas públicas de sete cidades norte-rio-grandenses, totalizando 623 indivíduos. Utilizou-se dois questionários eletrônicos, um acerca dos dados socioeconômicos/demográficos, e o outro intitulado “Questionário para avaliação de programas de prevenção das DST/AIDS”, utilizado pelo Ministério da Saúde. A confiabilidade dos itens foi averiguada por meio do Alfa de Cronbach, onde a média de cada valor variou de 0,198 a 0,379. Também foi realizada análise fatorial para analisar a estrutura das correlações entre as variáveis. O estudo verificou que os 10 itens remanescentes apresentaram os requisitos exigidos para o desenvolvimento da AFE, apresentando para a estatística de Kaiser-Meyer-Olkin o valor de 0,639. O teste de esfericidade de Bartlett apresentou significância (Qui2: 762.479; GL: 45; p<0,001). A variância total acumulada foi de 0,763. Os domínios resultantes da análise fatorial foram: Estilo de vida/hábitos, atitudes preventivas, formas de transmissão endógenas e formas de transmissão exógenas. Em relação ao grau do conhecimento geral sobre HIV/aids, observou-se que os participantes do sexo feminino (6,16), com companheiro (6,24), cursando o 3º ano do ensino médio (6,19), brancos (6,20), não adeptos (6,15) e não frequentadores de cerimônias religiosas (6,20), morando sozinhos (7,49), com pais não casados (6,17) e filhos de pais com ensino superior completo (6,26/6,34) obtiveram maiores médias de acerto. Metade dos adolescentes afirmaram já terem realizado sua primeira relação sexual, no entanto, apenas 31,3% relataram ter feito uso do preservativo nos últimos seis meses. Embora apresentem um nível considerável de conhecimento acerca da prevenção do HIV/aids, as práticas sexuais dos adolescentes não vão de encontro às medidas preventivas, essencialmente quanto ao uso do preservativo. No que se refere à confiabilidade do questionário através das análises realizadas, foi assegurada a qualidade do instrumento. Através do estudo, foi possível avaliar os conhecimentos, atitudes e práticas dos escolares, com vistas a subsidiar a criação de políticas e programas de orientação sexual nas escolas com a atenção voltada à saúde integral dos adolescentes.