Banca de DEFESA: EDUARDO MATHEUS VON MÜHLEN

Uma banca de DEFESA de DOUTORADO foi cadastrada pelo programa.
DISCENTE : EDUARDO MATHEUS VON MÜHLEN
DATA : 31/07/2018
HORA: 14:00
LOCAL: Departamento de Ecologia-CB
TÍTULO:

The Effect of Flood Pulse in Felids Habitat Use in the Amazon Forest


PALAVRAS-CHAVES:

Amazon; Felids; Mammals; Carnivores; Flood Pulse; Flooded Forest; Occupancy; Habitat Use; Protected Areas; Wildlife Conservation


PÁGINAS: 155
GRANDE ÁREA: Ciências Biológicas
ÁREA: Ecologia
RESUMO:

A Amazônia é composta em grande parte por florestas que nunca (ou muito raramente) são submetidas ao alagamento sazonal causado pelo pulso de inundação. Entretanto, uma grande parcela do Bioma é formada por áreas que são geralmente submetidas ao alagamento todos os anos no período da cheia dos rios. As florestas alagadas são reconhecidas como uma importante fonte de recursos alimentares para animais das florestas de terra firme adjacentes e estudos recentes demonstram que utilizadas por diversas espécies de mamíferos que buscam diferentes recursos quando as águas estão baixas. Neste sentido, o objetivo principal deste estudo é a identificação de como o pulso de inundação altera a forma de uso dos habitats de várzea e terra firme pela comunidade de felinos e demais mamíferos terrestres de médio e grande porte na Amazônia, além de discutir a importância das áreas de várzea para estas espécies. Complementarmente, discutimos o efeito das populações humanas na ocorrência de felinos em uma área de terra firme da Amazônia. Para isso, utilizamos em todos os capítulos a técnica de armadilhamento fotográfico, em diferentes áreas da bacia do Rio Purus, localizado no Estado do Amazonas, Brasil. No primeiro capítulo deste estudo, realizado em três Terras Indígenas Paumari, localizadas no trecho médio da Bacia do Rio Purus, testamos hipóteses relacionadas ao pulso versushabitat para três níveis: a comunidade de mamíferos de médio e grande porte em geral, três grupos funcionais (Carnívoros, Herbívoros e Edentados) e as espécies separadamente. Desta forma, foi possível compreender as especificidades das respostas dos grupos funcionais e espécies ao pulso de inundação. Aplicamos uma análise de ordenação NMDS sobre uma matriz de dissimilaridade de Bray-Curtis para toda a comunidade e para os diferentes grupos. Para apoiar a interpretação das ordenações, calculamos a dissimilaridade entre os Habitats a partir da técnica de SIMPER (Similarity Percentages) utilizando a distância de Bray-Curtis, que foi a mesma utilizada na ordenação NMDS. Agrupamos cinco modelos como fatores de pressão ambiental que representam fatores moduladores de resposta da comunidade, dos grupos e das espécies (Cota, Habitat, Cota:Habitat, Cota:Habitat:Fase e Nulo). A comparação e seleção dos modelos foi realizada por meio do Critério de Informação de Akaike. Neste estudo, registramos 6574 ocorrências de mamíferos, sendo 5177 (média = 0.573 registros/noite câmera) na Terra Firme e 1577 (média = 0.313 registros/noite câmera) na Várzea. No geral, a maioria das espécies apresentou mais ocorrência em Terra Firme do que em Várzea. O habitat foi o termo com maior importância para todos os grupos, no entanto, houve grande variação entre espécies que apresentaram respostas completamente diferentes em relação ao habitat. Esse padrão geral indica que, mesmo parcialmente, a exploração dos recursos temporariamente disponíveis na floresta alagada na fase terrestre afeta a distribuição e a abundância dos mamíferos nestas regiões. Para várias espécies, identificou-se uma diminuição do número de registros na Terra firme quando a Várzea está disponível. Conforme esperado, estes resultados indicam que a mastofauna utiliza a várzea quando disponível e que a composição de espécies pode variar ao longo do nível do rio. No segundo capítulo, procuramos entender como ocorre o uso do habitat por de felinos Amazônicos nos mesmos tipos de habitat do Bioma (Várzea e Terra Firme), quando a) ambos estão disponíveis ao forrageio, e b) como isto pode estar associado às flutuações na ocupação da terra firme durante as diferentes fases do ciclo hidrológico. Este estudo foi realizado na Reservas de Desenvolvimento Sustentável Piagaçu-Purus (RDSPP) e Reserva Biológica de Abufari (Rebio Abufari), pertencentes ao mosaico de Áreas Protegidas do 

baixo Rio Purus. Utilizamos 120 armadilhas fotográficas distribuídas em seis blocos de 20 câmeras cada, em áreas de terras firmes contíguas a áreas de várzea, totalizando 648 km2 de amostragem geral. As câmeras permaneceram ativas durante 483 dias contínos em áreas de terra firme e por um período de 162 dias nos ambientes sujeitos a alagação sazonal (várzeas), durante a época seca, quando o habitat fica disponível para forrageio dos felinos. Estimamos a ocupação de grandes felinos na paisagem de duas formas, sendo a) entre os diferentes habitats (várzea e terra firme) e b) entre diferentes fases do ciclo nos habitats de terra firme, visando detectar mudanças ao longo do ciclo, nas mesmas localidades, que pudessem indicar uma movimentação destas espécies para outras áreas. Para ambas as questões, utilizamos modelos hierárquicos baseados em máxima verossimilhança que lidam explicitamente com o problema das detecções imperfeitas.  Nosso esforço total de amostragem foi de 30174 dias-câmera, caracterizando o maior esforço de amostragem contínuo com armadilhas fotográficas para a Amazônia brasileira. Obtivemos 624 registros independentes das cinco espécies de felinos que ocorrem na Amazônia. Nossos dados demonstraram que as espécies utilizam estes habitats de forma distinta. Para onça-pintada e gato-maracajá, a ocupação no período de seca foi maior na várzea do que na terra firme. O oposto foi registrado para onça-parda e jaguatirica, que apresentaram maior ocupação na terra firme. Em relação as fases do ciclo, na terra firme, para onça-pintada, jaguatirica e gato-maracajá, a probabilidade de ocupação na terra firme foi diretamente proporcional ao nível do rio, onde quanto maior a cota (mais elevado o nível), maior a probabilidade de ocupação, que vai decrescendo conforme a baixada da água. Somente as onças-pardas não obedeceram este padrão, apresentando uma probabilidade de ocupação maior durante o período intermediário. Isso demonstra a grande importância das áreas de várzeas para a manutenção destas espécies ao longo do ciclo de vida. No terceiro capítulo, avaliamos o efeito da pressão antrópica e de variáveis de paisagem na ocupação de felinos em uma reserva de uso sustentável na Amazônia central. Nosso esforço total de amostragem (número de dias em que as câmeras permaneceram em funcionamento) foi de 2653 dias-câmera (x =53 + 24.41). Obtivemos 79 registros independentes de quatro das cinco espécies de felinos Amazônicos. Dentre as variáveis testadas para explicar as probabilidades de detecção e ocupação de felinos, a importância de cada uma foi completamente distinta para cada espécie, evidenciando que mesmo espécies de porte e hábitos semelhantes, não encontramos um fator principal dentre os testados que determinasse como as espécies utilizam o ambiente. Nossos resultados demonstram, ao contrário do esperado, que comunidades humanas não afetaram negativamente a probabilidade de ocupação da onça-pintada e da onça-parda. Apenas para jaguatirica, houve uma relação positiva entre a distância dos assentamentos humanos e a sua probabilidade de ocupação. Embora registros de abate de felinos sejam comuns na literatura, nossos resultados demonstram que essa interação conflituosa não afeta a ocorrência dos mesmos em áreas próximas às comunidades humanas residentes em áreas protegidas de uso sustentável na Amazônia.

 


MEMBROS DA BANCA:
Interno - 1678202 - CARLOS ROBERTO SORENSEN DUTRA DA FONSECA
Presidente - 1718346 - EDUARDO MARTINS VENTICINQUE
Externo à Instituição - JOÃO VITOR CAMPOS E SILVA - UFAL
Interno - 1439088 - MAURO PICHORIM
Externo à Instituição - Wilson R. Spironello - INPA
Notícia cadastrada em: 27/07/2018 14:53
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