A RAZÃO INSTRUMENTAL E A INDÚSTRIA CULTURAL NA ERA TECNODIGITAL
Indústria cultural. Razão instrumental. Era tecnodigital.
A exegese dos conceitos de razão instrumental e indústria cultural trabalhados na obra Dialética do Esclarecimento de Adorno e Horkheimer (1985), que veio a público pela primeira vez em 1947, apresenta-se aqui como tarefa essencial para se alcançar os instrumentos de poder operados atualmente pelo sistema dominante. A partir do resgate da crítica radical estabelecida na referida obra sobre o processo de redução do conceito de razão a sua dimensão puramente instrumental, pavimenta-se teoricamente a explicita relação entre o predomínio desse tipo de racionalidade, enquanto fundamento ideológico da sociedade burguesa, e o desenvolvimento tecnológico alcançando nas últimas décadas. Sem perder de vista esse referencial, nosso trabalho objetiva analisar determinados aspectos referentes à tecnologia da informação e da comunicação, considerados a marca característica da sociedade atual, centrando-se principalmente na questão da emancipação dos sujeitos frente ao grande potencial de alienação dos novíssimos veículos de comunicação da era tecnodigital. Nosso intuito é o de compreender a real condição dos indivíduos na fase atual do capital, a fim de vislumbrarmos a possibilidade de alcançarmos alguma meta emancipatória diante do aparato ideológico do referido sistema, que hoje se tergiversa conforme suas próprias necessidades. Assim, nossos esforços limitam-se ao fenômeno da internet e suas modalidades como forma de explicitar os supostos mecanismos de controle e de manipulação que possam estar sendo operados pelo sistema produtivo dominante através dos múltiplos canais de acesso a este novo e extraordinário ambiente comunicacional. Nesse sentido, busca-se estabelecer certo diálogo sobre a contemporaneidade com os sociólogos Manuel Castells (1999; 2005; 2007; 2013) e Zygmunt Baumam (2001; 2015; 2018), cuja perspectiva do primeiro se dá a partir da concepção de uma nova fase de reestruturação da sociedade capitalista em forma de uma grande rede de comunicação-informacional, enquanto o segundo reflete criticamente sobre a individualização característica da fase atual (Modernidade Líquida) e o processo de esvaziamento da noção de um telos emancipatório enquanto meta alcançável socialmente.