"A Gente Tem Que Se Humilhar": A Atuação da Igreja Mundial do Poder de Deus em Juazeiro do Norte
Pentecostalismo. Igreja Mundial do Poder de Deus. Humilhação. Teologia da Prosperidade. Classificações.
Em seu livro Neopentecostais ([1999] 2010), o sociólogo Ricardo Mariano, assim como fazem outros autores, propõe uma tipologia do pentecostalismo brasileiro, enfatizando, sobretudo, as principais características da “terceira onda” do pentecostalismo (FRESTON, 1993), denominada por ele de “neopentecostalismo”, e o tom de novidade que caracteriza sua emergência. Imersa nesse mesmo contexto está a Igreja Mundial do Poder de Deus (IMPD), denominação fundada em 1998 a partir de uma cisão da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) na década de 90. Em detrimento dos diversos templos que possui, neste trabalho dediquei-me a uma reflexão crítica acerca de aspectos de sua atuação na cidade de Juazeiro do Norte - CE, analisando sua presença no contexto religioso local e a situando diante do protestantismo nacional. A IMPD em Juazeiro do Norte apresenta as típicas características de uma igreja neopentecostal, podendo ser considerada, a priori, pertencente a tal segmento e equiparando-se à IURD, seu maior expoente. Apesar disso, a partir de pesquisa de campo preliminar efetuada entre 2012 e 2014, composta pela participação em cultos no templo central da IMPD na cidade e realização de entrevistas com os seus membros, percebeu-se divergências entre a caracterização típica do “neopentecostalismo”, especialmente no que se refere à Teologia da Prosperidade (TP), e discursos e práticas peculiares apresentados pela Igreja local em torno da categoria “humilhação”, concebido mediante sua correlação com o tema do sofrimento. Frente a isso, questiona-se o emprego da tipologia pentecostal vigente no meio acadêmico para a leitura da atuação da Igreja em Juazeiro do Norte, levando em conta as relações de convergência e de contraposição entre elementos dessa denominação e aqueles presentes no meio pentecostal e cristão de forma geral. Interessado em compreender a presença da “humilhação” na IMPD, este trabalho problematiza a adequação, pertinência e possíveis limitações do uso das classificações usualmente empregadas ao pentecostalismo no meio acadêmico para a leitura da referida igreja.