Território, técnica, normas, perímetros públicos irrigados, Rio Grande do Norte.
A expansão da agricultura tipicamente capitalista no campo brasileiro foi sumariamente marcada pelas ações engendradas pelo Estado, estas tendo como eixos centrais as políticas de crédito, o estimulo à adoção de pacotes tecnológicos, à delimitação e consolidação de áreas especializadas na produção de commodities, visando à inserção crescente do Brasil na divisão internacional do trabalho agrícola. Dentre as políticas ancoradas nestas diretrizes, merece destaque a instalação dos perímetros irrigados públicos, os quais se constituíram em um dos principais mecanismos para inserção do Nordeste no hall das atividades agrícolas modernas, especialmente a partir da produção de frutas irrigadas. Partindo destes pressupostos, objetiva-se com a presente proposta de tese compreender como no período histórico atual as materialidades provenientes da operacionalização das políticas públicas de “combate à seca” e “convivência com o semiárido”, têm se constituído em um mecanismo de controle, bem como em um elemento (re)definidor nos/dos usos agrícolas do território potiguar. Do ponto de vista teórico as reflexões aqui empreendidas estão alinhadas com o sistema conceitual proposto por Milton Santos, especialmente com os conceitos de técnica, norma e espaço, estes imbricados a noção de território usado. Quanto à metodologia empregada para a construção deste trabalho, cabe mencionar o esforço no sentido de esboçar matrizes de eventos e normas associados à realidade que ora pretende-se analisar, não obstante a elaboração de produtos cartográficos por meio dos quais se apresenta a localização dos sistemas de engenharia hídrica e se espacializa o uso de técnicas de irrigação. As reflexões empreendidas, até o presente momento, evidenciam que o uso dos sistemas de irrigação é pontual e seletivo e que a agricultura irrigada é uma atividade densamente normatizada. Ademais ressalta-se que a criação dos perímetros públicos de irrigação foi capaz de produzir frações do território diferenciadas entre si, sobretudo no que refere-se as estruturas, formas e processos presentes em cada uma dessas áreas.