Habitação; Segregação; Gentrificação; Renda da terra; Ambiente Construído.
A política habitacional no Brasil iniciada na década de sessenta pelos governos militares deu novos contornos às cidades brasileiras. A política habitacional em Natal apresenta semelhanças com a política em nível nacional, mas apresentam também algumas especificidades, frutos de uma dinâmica diferenciada no que diz respeito à apropriação destes conjuntos pelos usuários. Os conjuntos habitacionais em Natal condicionaram, em grande medida, a expansão da malha urbana e da infraestrutura da cidade; serviram de base para a regulamentação de vários bairros, em alguns casos emprestando o seu nome aos próprios bairros, e ocupam mais de um terço da área ocupada da cidade. O presente trabalho busca identificar e analisar as ações do Estado, via política habitacional, que favoreceram a estruturação desse espaço urbano. Discute a distribuição geográfica dos investimentos, identificando os produtos e sua distribuição territorial. A investigação tem como marco inicial o ano de 1964, ano de fundação do Banco Nacional de Habitação (BNH), uma vez que são principalmente os produtos da intervenção do BNH os objetos de análise da pesquisa, e prosseguem até os dias atuais para situar os conjuntos habitacionais na cidade. A pesquisa visa a análise da produção do espaço residencial na cidade de Natal, de como este processo gerou uma acentuada segregação entre as regiões, os bairros e entre os bairros e os conjuntos, até, com o enobrecimento – devido à maior concentração de investimentos e infraestrutura –, constituir-se uma gentrificação generalizada.