HUMANIZAÇÃO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE NO CONTEXTO DA PANDEMIA DE COVID-19
Humanização da assistência. Atenção Primária à Saúde. Pandemia por COVID-19. Saúde pública.
Introdução: A pandemia de COVID-19 tem evidenciado as potencialidades, mas também as fragilidades já existentes nos diversos níveis de atenção do SUS. Na Atenção Primária à Saúde (APS), um dos desafios é o cumprimento dos seus atributos essenciais, contudo, surge também a preocupação acerca da efetivação dos diretrizes da Política Nacional de Humanização (PNH), quais sejam: acolhimento, ambiência, gestão participativa, defesa dos direitos dos usuários, valorização do trabalhador e clínica ampliada. Objetivo: Analisar o cumprimento das diretrizes da PNH na APS durante a pandemia de COVID-19, na perspectiva do usuário. Métodos: Estudo de abordagem qualitativa, do tipo exploratório e descritivo, realizado com usuários atendidos pela Estratégia de Saúde da Família (ESF) do município de Brejo Santo/CE. A pesquisa atende aos critérios da resolução n° 466/12 do Conselho Nacional de Saúde e foi apreciada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA)/Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), tendo obtido parecer favorável de nº 5.538.037/2022. A técnica de coleta foi entrevista do tipo semiestruturada, guiada por roteiro elaborado pela equipe de pesquisa. Foram incluídos no estudo usuários com idade igual ou superior a 18 anos, cadastrados na ESF do referido município há pelo menos dois anos. Foram excluídos aqueles usuários que estivessem com sinais ou sintomas gripais no momento da entrevista, seguindo as recomendações sanitárias adotadas na pandemia. A amostragem se deu por conveniência, considerando o período estabelecido para a coleta de dados (entre os meses de setembro a dezembro de 2022), de modo que foi alcançado um total de 23 participantes. Resultados: Os dados foram processados no software Iramuteq e submetidos à análise de conteúdo temática. A Classificação Hierárquica Descendente revelou sete classes que deram origem às categorias temáticas, quais sejam: "Acolhimento, acesso e valorização dos trabalhadores"; "A Resolutividade da ESF no contexto da pandemia" e "A participação popular e o respeito aos direitos dos usuários da ESF". Conclusão: Durante a pandemia da covid-19, o acesso ao cuidado foi mantido, mediante adaptações necessárias pelo contexto sanitário vivido no momento da coleta. Embora muitos usuários desconhecessem a cartilha de direitos dos usuários do SUS e isso possa dificultar uma maior participação popular, foi demonstrado, de modo geral, que havia um respeito ao cumprimento das diretrizes da PNH nesses serviços. Foi interpretado que o acolhimento e a ambiência são diretrizes aparecem nas falas através de outros termos, contudo, diretrizes como cogestão e clínica ampliada não foram identificados. Tal fato leva a crer que, apesar dos muitos avanços nos últimos anos, a plena efetivação da humanização na ESF ainda é um desafio para muitas equipes, um caminho que pode ser percorrido por meio do fortalecimento das variadas tecnologias do cuidado, que envolvam comunicação, empatia, fortalecimento do vínculo, a valorização dos saberes e uso adequado dos recursos disponíveis para esses serviços.