INSEGURANÇA ALIMENTAR E QUALIDADE DE VIDA NO INTERIOR DO SEMIÁRIDO PARAIBANO: UM ESTUDO LONGITUDINAL
Segurança Alimentar e Nutricional; Qualidade de vida; Semiárido
Introdução: A noção de que a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) é um direito de todos e que precisamos buscá-lo compreendendo sua natureza estratégica, nos desperta para entender que existe uma questão alimentar envolvida nos desenvolvimentos dos países, e a maneira como os mesmos enfrentam se relaciona diretamente com a equidade social e com a Qualidade de Vida (QV) da população. Objetivo: analisar prospectivamente a associação entre Insegurança Alimentar e Qualidade de Vida em uma amostra de famílias residentes em um município do semiárido paraibano, entre os anos de 2014-2019. Métodos: trata-se de um estudo longitudinal do tipo coorte prospectivo, com abordagem analítica e exploratória. A primeira etapa (baseline) ocorreu entre os meses de maio e setembro de 2014 resultando em um total de 326 domicílios pesquisados e a segunda (follow-up) aconteceu entre os meses de agosto e dezembro de 2019, onde foi possível atingir um total de 274 domicílios. Foi realizada análise multivariada a partir de modelos longitudinais lineares de regressão para efeitos fixos e a partir disso, foram gerados valores preditos dos desfechos de qualidade de vida segundo níveis de insegurança alimentar da família. Para todos os modelos de regressão foi aplicado o teste de Hausman e teste de colinearidade. Todas as análises foram realizadas a partir do programa estatístico STATA (Stata Statistical Software) versão 16.0. Resultados Preliminares: Das 326 famílias no baseline, 202 (62%) se encontravam em situação de SA, 73 (22,4%) em IA leve; 27 (8,3%) em IA moderada e 24 (7,4%) em IA grave. Em 2019 o estudo demonstrou que, das 273 famílias respondentes, 178 (65.2%) estavam seguras, 51 (18.7%) em IA leve, 28 (10.3%) em IA moderada e 16 (5.9%) em IA grave. Com relação a QV notou-se que em ambos os anos o domínio com menor escore foi o de Meio Ambiente e o de maior escore foi o de Relações Socias. Além disso, apenas os escores do domínio físico para os sujeitos que estavam em SA e os escores do domínio de Meio Ambiente para os que estavam em IA leve apresentaram diferenças estatisticamente significativas (p=0.003; p=0.048, respectivamente). Na análise multivariada, observou-se associação estatisticamente significativa entre domínios de qualidade de vida Psicológico (p=0,001) e de Meio Ambiente (p=0,006) com a IA grave. O coeficiente de regressão apontou uma associação inversa entre os domínios Psicológico e Meio Ambiente e a IA Grave, ou seja, em situações de IA grave há redução nos escores de qualidade de vida dos referidos domínios.