Ciclo sono-vigília, determinantes estruturais da saúde, determinantes intermediários da saúde, saúde do adolescente.

O ingresso na universidade é considerado um marco na vida de muitos jovens. Contudo constitui-se como uma experiência estressora, que contribui para o surgimento de hábitos não saudáveis e podendo interferir na expressão do ciclo sono/vigília (CSV). Estas alterações do CSV podem acarretar consequências na saúde física, psíquica e social da vida desses jovens. Além disso, as condições de vida dos indivíduos e de grupos da população também podem levar a ocorrência de problemas de saúde e seus fatores de risco na população, sendo definidas como Determinantes Sociais da Saúde (DSS). Tendo como base esses determinantes, o objetivo deste trabalho foi identificar quais os fatores associados a má qualidade do sono e a sonolência diurna excessiva em universitários de um campus do interior do Rio Grande do Norte, por meio do modelo de Solar e Irwin de DSS. Atualmente, este modelo esse é utilizado pela Organização Mundial da Saúde para embasamento de discussões e planejamento de políticas e ações nessa área. Participaram da pesquisa 306 alunos matriculados na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (FACISA), na cidade de Santa Cruz interior do Rio Grande do Norte (RN). A coleta foi realizada por meio de 04 questionários autoaplicáveis: “ A saúde e o sono”; o questionário de cronotipo de Munique; a Escala de Sonolência de Epworth e o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburg. Os dados foram analisados por meio do teste Qui-quadrado e da regressão de Poisson. Entretanto, apenas os determinantes estruturais e intermediários da saúde que obtiveram valor de significância igual ou inferior a 0,20 foram inseridos no modelo de regressão de Poisson. A maioria dos participantes foi do sexo feminino (73,2%), com idade menor igual a 20 anos (57,2%), que não trabalham (91,5%) e que se deslocaram para morar na cidade em que estudam (82,8%). A prevalência da sonolência diurna excessiva foi de 51,3% e da má qualidade do sono foi de 79,7%. Dentre os determinantes intermediários da saúde, foi observado que 23,5% realizam demanda acadêmica antes de dormir na semana (p= 0,061) e 16% realizam demanda acadêmica como motivo de acordar no fim de semana (p= 0,007) o que foi associado a pouca sonolência diurna. A realização destes comportamentos foi considerada protetiva para a saúde na análise multivariada. Com relação aos determinantes intermediários, foi encontrada associação entre ter menos que 20 anos (p= 0,063), ter problema de saúde no último mês (p= 0,002), fazer uso de bebidas estimulantes (p= 0,001) e bebidas alcoólicas (p= 0,049), relatar demanda acadêmica como motivo de acordar durante a semana (p= 0,114), fazer uso de eletrônicos antes de dormir durante a semana (p= 0,010), realizar afazeres domésticos antes de dormir durante a semana (p= 0,106) e ter atividades de lazer antes de dormir durante a semana (p= 0,123) e fim de semana (p= 0,186) com a má qualidade de sono. Na regressão de Poisson, apenas os fatores: ter problema de saúde no último mês (p= 0,004) e fazer uso de bebidas estimulantes (0,001) foram considerados fator de risco para a má qualidade de sono. Portanto, observa-se uma alta prevalência de sonolência excessiva diurna e má qualidade de sono nesta população. Conclui-se ainda que alguns comportamentos podem ser considerados protetivos em relação a sonolência diurna e de risco em relação a má qualidade de sono. O caráter protetivo em relação a sonolência diurna pode ser decorrente de uma possível regularidade no CSV entre semana e fim de semana. Vale ressaltar ainda que tanto os comportamentos protetivos como os de riscos são realizados por uma pequena parcela da amostra.