ZIKA VÍRUS X ANOMALIAS CONGÊNITAS: DA AUDIÊNCIA PRESUMIDA AOS DADOS REAIS DA DISTRIBUIÇÃO TEMPORO-ESPACIAL NO RIO GRANDE DO NORTE
anormalidades congênitas; microcefalia; Zika vírus; Análise Espacial; Epidemiologia.
Introdução: Apesar da cobertura midiática trazer a certeza de uma relação entre o ZIKV e microcefalia em recém-nascidos, configurando um aumento no agrupamento das anomalias congênitas no Nordeste brasileiro, sugere-se que a incidência de anomalia congênitas no Rio Grande do Norte não seja diferente quando comparada a sua distribuição espacial antes e após ZIKV, isso porque fatores como os ambientais, socioeconômicos e biológicos podem contribuir para a permanência de uma alta incidência no estado. O objetivo do presente estudo é analisar a distribuição temporo-espacial das taxas de incidência de anomalias congênitas no Rio Grande do Norte, antes e após a epidemia ZIKV através de uma análise geoestatística e correlação com os determinantes sociais em saúde Metodologia: trata-se de um estudo ecológico, retrospectivo que avaliou os casos notificados de anomalias congênitas no Rio Grande do Norte agrupando em dois biênios (2005-2006 e 2016-2016), configurando períodos antes e após a epidemia de ZIKV através de uma análise espacial, cujos dados foram agrupados no SPSS 13.0 e analisados no TERRAVIEW versão 4.2.2. Resultados: A taxa de anomalias congênitas no período pré-ZIKV foi de 6,2 casos/1.000 nascidos vivos e no período pós-ZIKV aumentou para 13,95 casos/1.000 nascidos vivos, resultado do aumento dos casos notificados. Foi visualizado no cartograma de distribuição que a mesorregião Agreste Potiguar é a que possui maior número de casos notificados de ZIKV assim como é a região que concentra maior número de casos de anomalias congênitas no período estudado. Discussão: A distribuição espacial de anomalias congênitas no estado do Rio Grande do Norte não apresentou mudanças após a epidemia de ZIKV, sendo abordado por diversos autores que outros fatores podem estar relacionados com a distribuição de anomalias, em especial os determinantes sociais em saúde. Além disso, a mídia é um grande influenciador da população, assim como nas decisões governamentais frente ao sistema único de saúde. Conclusão: O presente estudo revelou que as anomalias congênitas sempre estiveram presentes no estado e nenhuma outra ação foi suscitada com tamanha importância como no período ZIKV. Estratégias para minimizar os casos de anomalias congênitas através de ações de planejamento familiar, controle da idade materna, programas de vacinação, controle na venda de medicamentos abortivos, combate ao consumo de drogas, álcool e fumo podem facilmente ser desenvolvida e ganhar adesão midiática, fato que nem sempre é percebido.